“O que posso dizer sobre o HTS [Organização de Libertação do Levante – Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe] é que a UE não está actualmente em contacto com o grupo ou com os seus líderes”, disse o porta-voz da instituição para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Anouar El Anouni.
Questionado sobre a queda do regime sírio na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, o responsável indicou que, no que toca às sanções, “o HTS já está incluído na lista do regime ICL do Daesh e da Al Qaeda, no quadro das Nações Unidas, portanto, aplica-se a todos os Estados membros”, em questões como a suspensão de fundos, medidas essas que foram adoptadas há cerca de 10 anos De acordo com Anouar El Anouni, “um certo número de indivíduos associados à HTS constam da lista, tanto a nível das Nações Unidas como da UE, incluindo o líder, Abu Mohammed al-Jawlani”.
Ainda assim, o porta-voz rematou: “À medida que o HTS assume maiores responsabilidades, teremos de avaliar não apenas as suas palavras, mas também as suas acções”. Também intervindo na ocasião, a porta-voz principal da instituição, Paula Pinho, recordou a mensagem da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que no fim-de-semana considerou esta como “uma oportunidade clara para a criação de um Estado democrático”.
Ainda assim, “estamos a falar de um grupo que foi considerado um grupo terrorista”, pelo que “temos de ver como é que isto vai avançar e se, de facto, todas as minorias serão atendidas e se este será, de facto, um processo inclusivo na transição que pode, eventualmente, conduzir a um Estado democrático”, concluiu Paula Pinho.
Esse Domingo, os rebeldes declararam Damasco ‘livre’ do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico HTS, juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, derrubar o governo sírio.
O Presidente sírio, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e asilou-se na Rússia, segundo as agências de notícias russas TASS e Ria Novost.
Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.