A obra, composta por mais de 30 páginas ilustradas com desenhos coloridos, retrata a trajectória de Njinga Mbande (1582–1663), destacada líder na luta anticolonial.
A rainha se notabilizou pela perseverança, resiliência e determinação ao comandar diversas frentes de resistência contra o domínio português. Na narrativa, o avô Maneco cativa a atenção de suas netas ao relatar, com admiração e respeito, os feitos da soberana.
O facto, conforme narra a autora na obra, desperta a curiosidade das crianças, que demonstram interesse em compreender melhor o legado de Njinga Mbande. No prefácio, John Bella destaca que, com esta obra voltada ao público infanto-juvenil, Elsa Barber busca mostrar que a leitura e a partilha de histórias reais são fontes de conhecimento e inspiração para projectar o futuro da nação.
“Com essa visão, a autora se dirige aos mais jovens, mas também aos adultos, para que estes iluminem os caminhos das novas gerações. Assim nasceu este livro, intitulado Njinga Mbande – A Rainha de Angola”, ressalta Bella.
Em entrevista ao OPAÍS, o escritor reforçou que a iniciativa é louvável, pois permite aos mais jovens conhecer aspectos relevantes do passado histórico de Angola, especialmente sobre uma das figuras mais notáveis da resistência africana.
“Infelizmente, esses temas ainda são pouco abordados nas escolas, devido à ausência nos currículos escolares. O lançamento do livro é um passo positivo, coincidindo com a recente recolocação da estátua da heroína no Largo do Kinaxixi”, comentou.
Diversidade de abordagens na obra
O livro apresenta informações sobre o nascimento de Njinga Mbande, o significado da palavra “Ndongo” e sua localização geográfica, que abrange as actuais províncias de Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Malanje, regiões de expressão quimbundo.
Outros temas incluem a sucessão ao trono após a morte de seu pai, Ngola Mbande Kiluanje; seu papel como mediadora de tratados de paz; o baptismo cristão; sua força e resistência durante a guerra contra os portugueses; e o apoio dos Imbangalas nas batalhas que liderou.
A autora também aborda a conquista do Reino da Matamba e, em trechos breves, narra os acontecimentos que marcaram o final de sua vida. As páginas são enriquecidas com ilustrações que representam os principais momentos dessa trajectória.
Reconhecimentos
O legado de Njinga Mbande é perpetuado de várias formas. Em Luanda, uma estátua em sua homenagem está localizada na entrada da Fortaleza de São Miguel. Em 2013, por ocasião do 350.º aniversário de sua morte, o Banco Nacional de Angola cunhou moedas de 20 kwanzas com sua imagem, e os Correios de Angola lançaram um selo comemorativo.
No Brasil, a rainha é celebrada em festas populares, e seu nome inspirou a criação da Associação Cultural Ginga Brasil Capoeira. Nos Estados Unidos, seus feitos são lembrados como símbolo de resistência à escravidão, reforçando a importância de sua história para as gerações futuras.