A cidadã de 38 anos de idade, detida por mandar matar o ex-marido, acção que acabou sendo frustrada porque um dos contratados denunciou o caso àquele que seria a vítima, encontra-se em liberdade e em lugar incerto, situação que inquieta os familiares.
De acordo com um dos familiares da vítima, que preferiu não ser identificado, Ermelinda Leão, a suposta autora moral do homicídio frustrado, “caiu na graça da Juíza de Garantia”, sendo que esta aplicou a medida de coação mais branda, a liberdade provisória sob termo de identidade de residência.
“Um dos senhores que foi contratado para matar o meu tio ficou com peso de consciência, buscou o contacto dele e confessou o crme. Fomos dar queixa ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), que fez a simulação da morte para poder mostrar provas a mandante, que quando viu mostrou satisfação.
O SIC tem todas as provas. Mas infelizmente ela foi solta pela Juíza de Garantia, que agiu com o coração ao ver a ex-mulher do meu tio a chorar”, disse o sobrinho da vítima. De acordo com a mesma fonte, ligada ao lesado, a implicada, no caso a mandante do crime frustrado, já havia contratado alguém para executar o ex-marido, mas esta pessoa desapareceu com os 300 mil kwanzas, dinheiro desembolsado para garantir o trabalho, ou seja, para ver morto o ex-marido.
O casal, que manteve 18 anos de relacionamento e como fruto tiveram quatro filhos, já estava separado, e a dada altura o marido teve de sair de casa por causa dos constantes conflitos. Porém, ao longo desse tempo, ficou desempregado e decidiu voltar para antiga casa e dar vi- da ao bar que era de ambos, mas já tinha sido vendido pela ex-mulher, no valor de 5 milhões de kwanzas, sem que o ex-esposo soubesse.
“Ela vendeu o bar que eles tinham a uma vizinha. Dois milhões foram depositados na conta da irmã dela e os outros três milhões na própria conta dela. Sabendo que o ex-marido não quis, achou que a melhor solução para avançar com o negócio era mandar matar o meu tio”, conta. Com a suposta morte do cidadão que responde pelo nome de Roque Munekamba, de 42 anos de idade, os contratados a este serviço teriam em troca um milhão de kwanzas.
O crime consubstanciado em tentativa de homicídio foi engendrado no distrito urbano do Ramiro e deveria acontecer no dia 24 de Novembro, com a morte efectiva do cidadão Roque Munekamba, com quem a acusada viveu 18 anos e tem quatro filhos.
Na altura, o porta-voz interino do SIC-Luanda, Emanuel Capita, num comunicado, confirmou a detenção e apresentação da implicada, mas horas depois, já no final do dia, Emanuel Capita comunicou ao jornal OPAÍS que a apresentação tinha sido adiada e estava sem data prevista.
Agora, com a acusada posta em liberdade, e em lugar incerto, fica difícil para os familiares da vítima ver a justiça a ser feita, além do facto de Roque estar a ver a sua vida em risco, segundo o sobrinho, que já não pode viver no Ramiro por acreditar estar muito exposto. A família tenta recorrer da decisão da juíza, tendo já constituído um advogado.