O filme vai ser exibido em diferentes salas de cinema da cidade de São Tomé e da capital cabo-verdiana (cidade de Praia), esta última com exibição pela segunda vez, após já ter passado por aquela capital em Março do corrente ano.
Depois de ser exibido nas referidas cidades dos países dos PALOP’s, o filme regressa a Angola com apresentações marcadas nas províncias do Huambo (no Centro Cultural Manuel Rui Monteiro) e Benguela, antes do final do ano em curso.
Segundo o realizador, após a conquista das premiações, o objectivo da produtora é levar o filme aos diferentes públicos, sejam nacionais ou internacionais, fazendo com que mais pessoas tenham a oportunidade de assistir à curtametragem e se deixarem impactar pela contagiante história que a trama trará.
“O nosso objectivo é continuar a levar o filme a novos públicos, seja através de festivais internacionais ou exibições locais, fortalecer o diálogo que ele propõe”, avançou Marcos Ndombele, em declarações ao OPAÍS.
Sublinhou que pretendem aproveitar esta visibilidade que o filme vai ganhando para impulsionar novos projectos, colaborar com talentos emergentes e explorar temas que ainda não foram suficientemente discutidos no mercado do audiovisual, a nível nacional.
“Nosso foco agora é transformar essa conquista em um trampolim para o crescimento da nossa produtora (Clakete entretenimento) e da produção cinematográfica (em Angola) como um todo”, ressaltou o jovem produtor e realizador.
Filme reflecte a realidade de muitos jovens
Com a duração de 25 minutos, “Kunanga aos 30” é um filme que reflecte a realidade nua e crua de muitos jovens angolanos, especialmente na capital, Luanda, onde a juventude é desafiada por inúmeras dificuldades e barreiras, especialmente a falta de emprego que tem condicionado as suas autorrealizações.
Ndombele explica que, através deste filme, se quer despertar a sociedade, convidá-la a reflexões profundas sobre as dificuldades que muitos jovens angolanos enfrentam, como a falta de oportunidades, o desemprego, a pobreza e a desigualdade social.
“Nosso objectivo é não apenas retratar essas realidades, mas também inspirar mudanças, mostrar que, por mais desafiadora que seja a situação, é possível construir um futuro mais inclusivo e equitativo”, afirmou.
Frisou, por outro lado, que além de situações que afectam a juventude, a história do filme busca advertir à sociedade sobre questões de âmbito familiar, como a fuga à paternidade, que muitas vezes contribui para o ciclo de vulnerabilidade e desestruturação de muitas famílias.
Historial do filme
Produzido em Luanda, com as gravações em vários bairros periféricos da capital, o filme retrata a história de Nelson (personagem interpretada por Fernando Mailoge), jovem de trinta anos de idade, desempregado, que vive na casa do pai, sem condições nem iniciativas que possam ajudar a colmatar as despesas de casa, dependente exclusivamente do esforço do seu progenitor para o sustentar.
Agastado com a condição do filho “kunanga” (designação atribuída a alguém de maior idade desempregado), o pai decide expulsar o filho de casa, obrigando-o a arranjar maneira de sobreviver à sua própria custa.
Frustrado e sem orientação, Nelson busca auxílio nos amigos que o influenciam a enveredar pelo caminho da delinquência, vendo no crime a forma mais “rápida e fácil” de garantir o seu sustento e dar asas aos seus anseios e vícios omissos.