O sector da construção, com mais de 3.848 obras paralisadas em todo o país, no primeiro trimestre de 2024, enfrenta desafios preocupantes, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o inquérito trimestral publicado recentemente sobre o Avanço e o Acompanhamento dos Edifícios em Processo de Construção (ITAEPC), há necessidade de se criar estratégias para impulsionar o sector.
O estudo, segundo os dados, revela que o ligeiro crescimento das obras é resultado de vários projectos interrompidos por conta de factores inerentes às finanças públicas e privadas.
Deste modo, os dados mostram que, entre as 5.119 obras acompanhadas durante o período, 3.848 estão paralisados. No entanto, 1.271 estão em fase de execução, cenário que reflecte os desafios existentes enfrentados pelo sector da construção no país.
Nesse sentido, em relação ao trimestre anterior, houve um aumento de 31,85% nas obras em processo de construção, mas a proporção de projectos paralisados continua a dominar o panorama.
Assim, a capital do país, Luanda, está entre as províncias com o maior número de obras em andamento, ou seja, ronda os 30,37%. O Cuanza-Sul segue com 12,27%, Bié 12,04%, Lunda-Sul 11,09% e Huambo 10,46%. Nesta ordem de ideia, as províncias de Benguela, Cunene, Uíge e Cuanza-Norte destacaram-se com números elevados de obras paralisadas. Isto reflecte as dificuldades económicas e estruturais que afetam o sector.
Distribuição por destino e propósito Segundo o INE, as obras foram classificadas conforme o destino e o propósito. Do total, 4.858 projectos são residenciais, enquanto 261 são prédios urbanos para outros fins.
No segmento de construção de habitações, Luanda lidera novamente com 11,90%, seguida por Cabinda com 11,47% e Uíge 9,96%.
Já no segmento no sector não imobiliário, o Bié destaca-se com 18,77%, seguido pela Lunda-Sul com 16,09% e Luanda com 15,33%, respectivamente.
Quanto ao propósito das obras, 4.392 projectos são destinados à habitação, 506 para uso próprio e 221 com propósitos mistos (incluindo arrendamento, venda e outros).
No segmento de habitação, Luanda concentra a maior parcela, com 12,70%, enquanto o Uíge domina as obras destinadas para uso próprio com 25,30%. O relatório aponta também que a maioria das obras foi orientada por Profissionais/Mestres de Obra (5.030 projectos), sendo que 25 foram efectuadas por empresas privadas e 64 por construtores familiares.
No entanto, a província de Luanda e da Lunda-Sul foram as províncias com maior participação de empresas privadas, com 24% e 28%, respectivamente.
Já os mestres de obra destacaramse em Luanda com 11,89%, Cabinda 11,05% e Uíge com 9,86%. No primeiro trimestre de 2024, o sector empregou um total de 7.518 trabalhadores, sendo 6.233 permanentes, 1.202 subcontratados e 83 não remunerados.
Assim, este número representa um aumento de 24,95 pontos percentuais no efetivo de trabalhadores permanentes em comparação com o quarto trimestre de 2023. Entretanto, outro dado relevante apresentado pelo relatório é a área bruta de construção, que totalizou 781.998,23 metros quadrados.
Porém, Luanda lidera com 150.139 metros quadrados, seguida por Bié (119.242 metros quadrados) e Lunda-Sul (89.297,64 metros quadrados).
Quanto aos custos médios mensais da mão de obra, o valor total atingiu 137,2 milhões de kwanzas, sendo 109.3 milhões de kwanzas destinados às obras residenciais e 27,9 milhões de kwanzas a obras não residenciais. O relatório apontou os materiais mais utilizados nas construções.
Estruturas de ferro e aço lideraram nas categorias de estrutura, enquanto tijolos foram predominantes nas paredes, cerâmica nos pisos e chapas de zinco nos tectos.
Os números apresentados pelo INE mostram um cenário misto para o sector da construção no país. O crescimento nas obras em andamento, embora positivo, ainda é ofuscado pelo alto número de projectos interrompidos.
O sector da construção desempenha um papel crucial no desenvolvimento económico, sendo um dos principais geradores de emprego e investimentos no país.
Com medidas para atrair investidores, melhorar a infraestrutura e estimular a retomada de obras serão fundamentais para reverter o quadro actual e impulsionar o crescimento do sector.
Por: Francisca Parente