Durante o congresso nacional do partido, que coincidiu com o 130º aniversário da sua fundação, o presidente do KMT, Eric Chu, destacou o compromisso da formação azul na defesa da República da China [nome oficial de Taiwan] e com a manutenção da “democracia” e da “liberdade”.
Num discurso divulgado pela agência de notícias estatal CNA, Chu insistiu que a República da China tem a sua “raiz” e “fundamento” na nação e na cultura chinesas, apelando que “as forças de independência de Taiwan” não “prejudiquem ou destruam a República da China” Chu, antigo vice-primeiro-ministro (2009-2010) e antigo presidente da Câmara de Nova Taipé (2010- 2018), enfatizou ainda que o KMT continuará a aprofundar o “desenvolvimento democrático” de Taiwan e a lutar contra o que definiu como a “hegemonia verde”, em referência às cores distintivas do Partido Democrático Progressista (PDP), no poder desde 2016.
O Congresso do KMT, organizado no Centro de Convenções e Exposições de Taoyuan (norte), contou com a presença dos principais membros do partido, incluindo o ex-presidente taiwanês Ma Yingjeou (2008-2016), que reiterou as suas críticas ao actual Presidente, o soberanista William Lai, por promover a chamada “teoria dos dois Estados”, que definiu como “desnecessária, inviável e irrealista”.
O antigo presidente da ilha, protagonista durante o seu mandato da maior aproximação entre Taipé e Pequim desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, apelou ao KMT para aderir ao “Consenso de 1992”, um alegado acordo tácito entre o KMT e o Partido Comunista Chinês, que reconheceu a existência de “uma China” no mundo, embora os lados discordassem sobre o significado deste termo.
O Kuomintang tem as suas raízes em Sun Yat-sen, primeiro Presidente da República da China, que em 24 de Novembro de 1894 fundou a Sociedade para a Regeneração da China, organização que defendia a queda da dinastia imperial da época e que evoluiu para o KMT.
Depois de perder a guerra civil chinesa contra os comunistas de Mao Tsé-Tung, o então líder do KMT, Chiang Kai-shek, retirou-se para Taiwan e governou este território de 1949 até à sua morte em 1975, impondo a lei marcial que suprimiu direitos e liberdades, proibiu a formação dos partidos políticos e puniu qualquer tipo de dissidência.
O seu filho, Chiang Ching-kuo, assumiu as rédeas do poder em 1978 e promoveu gradualmente a abertura política na ilha, que foi finalmente consagrada com o levantamento da lei marcial em 1987 e a convocação de eleições por voto direto em 1996.
Actualmente, o partido azul enfrenta um futuro incerto no panorama político da ilha: embora detenha ainda um importante poder legislativo e local, o KMT perdeu as últimas três eleições presidenciais em Taiwan, ficando muito atrás do Partido Democrático Progressista.
Segundo os especialistas, a sua defesa da herança cultural chinesa está relacionada com esta perda de apoio eleitoral: 64,3% dos habitantes da ilha identificam-se apenas como “taiwaneses” e cerca de 30,4% como “taiwaneses e chineses”, de acordo com a última pesquisa de opinião.