O comandante provincial adjunto do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, José Natan, que anunciou o facto à imprensa, não precisou a idade da menor e as circunstâncias da sua morte, bem como não avançou outros dados referentes às pessoas feridas.
De acordo com o inspector bombeiro-chefe José Natan, que é igualmente o responsável pela área de protecção civil da corporação, os danos maiores registaram-se no município de Cabinda com a inundação das instalações da emissora provincial da RNA, o campo do estádio municipal do Tafe e várias outras infra-estruturas.
A chuva de sexta-feira, 22, a mais intensa, causou uma série de estragos, trazendo à tona a fragilidade das infra-estruturas em várias áreas críticas da província.
A chuva, que durou perto de oito horas, provocou alagamentos, erosões de terras e acumulação de lixo em várias artérias, causando, com efeito, graves transtornos à mobilidade urbana e não só.
Um dos pontos afetados foi a estrada que liga o bairro Buco Ngoio à localidade de Zôngolo, uma via que dá acesso a vários projetos habitacionais aí desenvolvidos, dentre os quais o de Tali Sumbi, onde vivem mais de 60 famílias.
De acordo com José Riscove, morador da área, as enxurradas provocaram o transbordo do rio Nhame, tornando a passagem intransitável, o que forçou, deste modo, motoristas a paralisarem os veículos.
“Durante mais de oito horas, a via ficou completamente bloqueada, expondo a vulnerabilidade do local a eventos climáticos extremos”, referiu.
Diante da interrupção da estrada, moradores das proximidades relataram situações de extrema dificuldade. Alguns, por necessidade, arriscaram atravessar a correnteza na ausência de alternativas seguras, conforme ilustram algumas imagens partilhadas nas redes sociais. “Estamos cansados de viver o mesmo cenário sempre que chove.
As autoridades precisam agir com urgência para evitar tragédias maiores”, desabafou um morador da localidade do Zôngolo.
Outro ponto bastante afectado, de acordo com José Riscove, foi a área próxima ao aeroporto de Cabinda, Maria Mambo Café.
As obras de construção da vala de drenagem nos arredores encontram-se paralisadas, o que tem provocado graves consequências para os moradores e para o próprio aeroporto.
Durante as chuvas, as águas, que deveriam ser canalizadas para a vala, invadiram residências próximas, afetando dezenas de famílias.
A obra inacabada afecta outras áreas ao redor, com o acúmulo de lama e entulhos, dificultando a circulação de pessoas, para além de colocar em risco a saúde das pessoas.
Há igualmente o registo do agravamento de ravinas em diversos pontos da cidade, ampliando o cenário de caos.
No bairro 1.º de Maio, sobretudo nas zonas de Luvassa, Chiweca e Uneca, moradores enfrentaram alagamentos das residências e perderam os parcos bens que tinham.
Segundo José Riscove, o cenário registado com a chegada das chuvas, reforça a necessidade urgente de investimentos em infra-estruturas sólidas, sobretudo em sistemas de drenagem e contenção de erosões.
“A situação na estrada entre Buco-Ngoio e Zôngolo ilustra o descaso com obras de manutenção e prevenção em áreas de alta vulnerabilidade”.
Enquanto isso, acrescentou, a população continua à mercê das intempéries, apelando às autoridades a implementar medidas eficazes e permanentes para evitar que episódios como estes se repitam.
Para José Riscove, a intensa chuva que caiu na sexta-feira evidencia a necessidade de um plano integrado de gestão de riscos climáticos em Cabinda, englobando acções estruturantes que visam melhorar o saneamento básico, o desassoreamento dos rios e a construção de sistemas de drenagem eficientes.
“O impacto das chuvas vai muito além do imediato. É um reflexo de problemas acumulados que exigem soluções urgentes e sustentáveis”, concluiu José Riscove.
Reunião de emergência A Comissão Provincial de Protecção Civil reuniu-se no sábado, 23, para avaliar os danos causados pelas chuvas que afectaram sobretudo a cidade de Cabinda e arredores.
O vice-governador para o sector económico, Macário Romão Lembe, em representação da governadora de Cabinda, Suzana Abreu, presidiu o encontro que recomendou a necessidade de catalogar todas as ravinas, de maneira a dar-se uma resposta eficaz.
Foi igualmente proposto continuar o desassoreamento das valas de drenagem para evitar futuros problemas. José Natan adiantou que as equipas de intervenção continuam a trabalhar intensamente para dar resposta aos danos causados pelas chuvas.
O administrador adjunto para a área técnica do município de Cabinda, Tiago Tomé, sublinhou que as intervenções estão ser realizadas nos pontos mais críticos onde as chuvas causaram maiores danos.
Por: Alberto Coelho, em Cabinda