A rubrica “O Jovem e a Independência” desta edição traz a visão de um jovem analista político e especialista em relações internacionais, Afonso Botáz, que fala sobre os ganhos da Independência, que, na sua visão, devem ser vistos como benefícios de todos os cidadãos angolanos, bem como dos avanços e retrocessos desta causa que levou Angola à soberania.
Enquanto jovem, que análise faz dos 49 anos de Independência Nacional?
Eu penso que não precisamos olhar para este marco ou ganho numa perspectiva partidarizada. Ou seja, olhar para os efeitos da independência, positivos ou não, numa perspectiva partidarizada. A Independência não deve ser partidarizada.
Os ganhos da Independência Nacional até aqui alcançados têm sido preservados pelos angolanos? Os ganhos da independência são de benefício geral, independentemente da filiação partidária que cada cidadão possa pertencer ou apoiar.
Há 49 anos que o povo angolano é soberano e livre da opressão colonial portuguesa. Acha que a reconciliação nacional entre os próprios angolanos foi consolidada?
Em 49 anos em que celebramos a independência de Angola, podemos denotar alguns avanços e alguns retrocessos também. A Liberdade de expressão é um dos pontos.
Hoje, os jovens angolanos já conseguem manifestar as suas ideias ou visões normalmente, diferente dos tempos passados, onde até abrir a boca para tossir eram corrigidos pelos sipaios.
Apesar de alguns excessos no momento de se fazer represálias, mas penso que precisamos de reconhecer que hoje em dia (o debate crítico) é já uma realidade que se vive em Angola, e temos visto rondas de debates e até mesmo de temáticas sensíveis.
Os retrocessos têm a ver com a questão do nepotismo, por exemplo, existe ainda um grau elevado em muitas instituições e serviços, em que a prestabilidade e a meritocracia passam a ser selectivas, prejudicando alguns e facilitando outros, e isto acaba por prejudicar o bom nome da instituição e o rigor laboral. Outra questão tem a ver com a Comunicação Social.
Os meios de comunicação acabam por ser comprados politicamente, dificultando a transparência na transmissão de informação e minando o rigor na actividade jornalística. co globalmente desenhado.
Todos os angolanos, de Cabinda ao Cunene, são chamados a participar, no próximo ano, da grande celebração dos 50 anos de Independência Nacional. Entretanto, olhando para as dificuldades de vida que aumentam a cada dia, acha que o povo se revê nessas celebrações?
A democracia representativa é a pedra angular. Envolve o direito e o dever dos cidadãos de participar activamente no processo político, seja através do voto, da filiação partidária, do activismo cívico ou do serviço público.
E hoje em dia temos visto cidadãos que saem da sociedade civil (por vontade própria) e integram os partidos políticos normalmente, sem qualquer distinção de etnia, género e cor da pele. E penso que isso também seja um ganho durante esses 49 anos.
Em suma, diria que os “Estados são organismos vivos e em constante mutação”. Acredito que o melhor ainda está por vir. Angola continua a ser um Estado em vias de subdesenvolvimento, e, até lá, penso que a contribuição de todos nós é essencial até que se consiga alcançar o padrão de desenvolvimento social, político e económi