Membro fundador da Academia Angolana de Letras, distinguido em 1999 com o Prémio Sagrada Esperança, Fragata de Morais é autor de extensas obras que se difundem pelo romance, contos, teatro, poesia e literatura infanto-juvenil.
Antes mesmo do momento de homenagem, vai ser realizado a actuação dos alunos do CEARTE, seguindo-se o momento de abertura do tributo com o discurso do director da ADVM, José Marcos Barrica, com a intervenção do secretário-geral da União dos Escritores Angolanos, David Capelenguela.
Quanto ao percurso do homenageado, o escritor António Fonseca vai falar dos “Discursos narrativos de tradição oral de Fragata de Morais, enquanto Déborah Cardoso Ribas da “Introdução à literatura angolana’’ com a obra Jundunguices, que mereceu a distinção no Prémio Sagrada Esperança em 1999.
Paula Henriques, membro da organização, avançou ao OPAÍS que o programa “Escritor e a sua época” visa homenagear um escritor no seu mês de nascimento, na última sexta-feira de cada mês, promovido pela ADVM, do Ministério das Relações Exteriores, e a Comissão Nacional para o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, do Ministério da Educação.
O programa, disse, tem por objectivo dar a conhecer os escritores angolanos, promover a literatura nacional junto do público interessado (académicos, estudiosos, escritores, professores, estudantes, diplomatas, jornalistas, bem como a diáspora angolana).
Análise de outros aspectos
Durante este encontro, vai ser ainda analisado outros aspectos que caracterizam as obras de Fragata de Morais, através dos lemas “Pelos caminhos dos espíritos, uma leitura de “Inkuna Minha Terra”, “Batuque Mukongo: poesia memorista e sonora, um hinoetnografico e linguístico aos kongos”, “Da representação à expressão como elementos da prática da dramaturgia”, por Domingas Montes, Marques Nganga, Francisco Makyesse, designadamente. Após esses momentos, será realizado um espaço de debate com a intervenção do escritor.
Segundo a responsável, trata-se de um colóquio, onde os participantes têm manifestado interesse em interagir com os prelectores. “E os debates têm sido frutíferos. Também já aconteceu termos casos de os participantes apresentarem testemunhos sobre momentos partilhados com o escritor que está a ser homenageado”, disse Paula Henriques.
A iniciativa
O programa teve início em Agosto, altura em que homenageou o escritor Uanhenga Xitu pelo seu centenário. Em Setembro, homenageamos António Jacinto, igualmente pelo seu centenário, enquanto em Outubro Pepetela, pelo trabalho desenvolvido em prol da literatura e da cultura nacional. O próximo homenageado será Joaquim Dias Cordeiro da Matta, em Dezembro.
O autor
Manuel Augusto Fragata de Morais nasceu na província do Uíge a 16 de Novembro de 1941. É diplomata de carreira, com a categoria de embaixador (aposentado).
Dos vários cargos que ocupou, destacam-se os de director de Gabinete da Ministra dos Petróleos, conselheiro e secretário-geral do Conselho Nacional de Comunicação Social, Presidente da Comissão Directiva da União dos Escritores Angolanos, vice-ministro da Educação e Cultura, no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional.
Actualmente, é membro da direcção da Academia Angolana de Letras. Foi jornalista, actor, encenador e cineasta, fez os seus estudos de teatro na Universidade Internacional do Teatro em Paris e de cinema na Academia de Cinema dos Países Baixos, em Amsterdão.
Obras publicadas
Os seus primeiros escritos apareceram na década de 70, em Paris (França). É autor de extensas obras que se alastram pelo romance, contos, teatro, poesia e literatura infanto-juvenil. Publicou “Terreur en Verzet” (1972), “Como iam as velhas saber disso” (1980), “A seiva” (1995), “Inkuna minha terra” (1997), “Jindunguices” (1999), “Momento de ilusão” (2000), “Amor de perdição” (2003), “Antologia panorâmica de textos dramáticos” (2003), “A sonhar se fez verdade” (2003), “A prece dos mal-amados” (2005), “Sumaúma” (2005), “Memórias da ilha” (2005), “O Fantástico na prosa angolana” (2010), “Batuque Mukongo” (2012), “A Visita” (2014), “Estórias para Bem Ouvir” (2015), “A Dança da Chuva” (2015), “Os ventos ao Sul” (2020) e “Contos de Samuel Astro” (2020).