Reunidos desde ontem, quinta-feira, em Luanda, a juventude do MPLA deverá eleger hoje um novo primeiro-secretário em substituição de Crispiniano dos Santos, que por sinal chegou ao poder na sequência de um congresso em que destronou Domingos Betico, há cinco anos.
Como braço juvenil, a JMPLA tem o condão de, junto do maior partido do país, acompanhar e fazer advocacia para a implementação dos programas ligados à juventude, saber dos resultados e a sua efectivação naquela que hoje constitui a maior franja da população angolana e o maior grupo eleitoral nas eleições passadas, assim como nas de 2027.
Embora seja um desafio para daqui a dois anos ainda, que merecerá a atenção de todas as esferas do próprio partido, é voz comum nos meios políticos que o mandato que agora termina esteve muito aquém do que se via e esperava e muito longe da vitalidade observada durante o mandato de Sérgio Luther Resvoca, o predecessor de Crispiniano dos Santos.
Mas, durante o seu discurso ontem, o primeiro-secretário cessante considerou o seu ciclo positivo, introduzindo supostas acções de solidariedade como sendo as garantias de que parece que tudo terá corrido de feição.
Nos últimos cinco anos, por incrível que pareça, a mobilização e a necessidade de discussão e projecção das acções em prol da juventude foram das acções descuradas, havendo momentos em que mais se viam ‘barulhos’ vindo da oposição do que de quem tinha verdadeiramente a função de realçar os feitos do próprio partido no poder que sempre existiram.
Para muitos, a JMPLA, nos últimos cinco anos, foi a sombra de si mesma. Aliás, as últimas eleições, embora ganhas pelo MPLA, colocaram também a nu a falta de acutilância da liderança, o que faz urgir, nos dias que correm, a necessidade de que se traga à ribalta um novo primeiro-secretário desta organização que consiga inverter este quadro com alguma perspicácia, acutilância, verdade e, sobretudo, honestidade.
Depois de um início que previa a participação de mais concorrentes, apenas Adilson Hac e Justino Capapinha, ambos com 28 anos de idade, lutam para dirigir os destinos do próprio braço juvenil.
Durante a fase de campanha, em que os dois percorreram as 18 províncias do país para apresentarem as suas ideias, não deixou de ficar vincado que existe, sim, uma candidatura da continuidade, de Capapinha, e uma outra que parece outsider, com Hach à cabeça.
Mais do que se encontrar uma substituição interna, a JMPLA, assim como o próprio MPLA, está perante um dilema que consiste na necessidade de ver no leme um jovem que seja credível e consiga penetrar os ciclos da juventude desde as bases ao topo, onde tem sido fustigada incessantemente nos últimos anos.
Caberá agora aos delegados, esses sim, aceder a este apelo que a sociedade aguarda. E, certamente, os seus principais adversários juvenis, com a JURA em destaque, para que possam ter um verdadeiro cavalo de batalha nas pelejas políticas que se avizinham.