A Fazenda Pipe, situada no Cuanza-Sul, facturou de 2019 até Setembro de 2024, cerca de 11,7 mil milhões de kwanzas, de acordo com o administrador do projecto, José Manuel.
Este desempenho, segundo o mesmo, que falava no XIII Fórum de Economia e Finanças, subordinado ao tema “Financiamento das PMEs, reflecte um aumento de 342,42% em relação aos 745 milhões registados em 2019.
No encontro realizado ontem, em Luanda, pela Associação Angolana de Bancos (ABANC), ficou-se a saber que o sucesso para o cumprimento deste desiderato é atribuído, em grande parte, ao financiamento recebido do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA). José Manuel salientou que o financimento permitiu a modernização das operações agrícolas e a ampliação da capacidade produtiva.
“Com o apoio do BDA, a fazenda investiu em tecnologia e infra-estrutura para melhorar a eficiência na produção e diversificar a oferta agrícola”, admitiu o administrador da Fazenda PIPE. De acordo com o gestor do projecto, esses avanços tornaram a fazenda mais competitiva no mercado nacional.
Assim sendo, reduziram a dependência de importações e contribuíram para a sustentabilidade do sector em vários domínios. Além disso, José Manuel disse que o crescimento robusto demonstra a importância do crédito direccionado ao sector agrícola para o fortalecimento da economia angolana.
De acordo com o administrador do projecto, o financiamento também impulsionou o desenvolvimento regional, gerando empregos e capacitando a mão-de-obra local. “Esse marco é resultado de um trabalho dedicado e de um modelo de gestão que alia inovação à responsabilidade social”, afirmou o administrador.
Investimentos estratégicos
José Manuel fez saber que, entre os principais investimentos realizados, a implementação de sistemas de irrigação, tipo pivô, foi um marco. “No período de 2019 a 2020, foram destinados 731 milhões de kwanzas para a aquisição desses equipamentos, seguidos por outros 501 milhões entre 2021 e 2022. Actualmente, a fazenda possui 1.250 hectares de área irrigada, o que tem garantido uma produção mais eficiente e previsível”, adiantou o responsável.
Por outro lado, segundo o administrador da Fazenda PIPE, a rede eléctrica tem capacidade de 30 mil volts e foi construída abrangendo 40 quilómetros, dos quais 25 conectam a estrada principal à fazenda e 15 distribuem energia às áreas de produção.
José Manuel disse que o investimento totalizou 553 milhões de kwanzas entre 2019 e 2021, sendo que foram faseados em 312 milhões em 2019, 222 milhões de kwanzas em 2020 e 19 milhões na fase final em 2021.
Para suprir eventuais falhas no fornecimento de energia eléctrica, a fazenda adquiriu três geradores com capacidade de até 650 kVA. Assim, a Fazenda PIPE obteve três financiamentos do BDA, totalizando cerca de 1,9 bilhões de kwanzas.
O primeiro, de 235 milhões, em 2017, entretanto, seguiu-se mais um de 914 milhões em 2019, e, posteriormente, o último de 750 milhões, em 2020. Nesse sentido, José Manuel avançou que esses recursos foram aplicados na aquisição de equipamentos modernos de irrigação, construção de uma rede eléctrica e expansão da capacidade produtiva.
Segundo o administrador, “os financiamentos não apenas impulsionaram a produção, mas também exigiram uma reestruturação administrativa e financeira que foi essencial para o crescimento sustentável da fazenda”.
Apesar dos avanços, o administrador apontou desafios enfrentados no acesso ao financiamento, como a necessidade de se garantir organização da contabilidade fiscal para se adequar às exigências do mercado.
No entanto, o responsável destacou que essas demandas acabaram sendo positivas, pois impulsionaram a modernização e a legalização completa da estrutura da fazenda.
Desafios no sistema de financiamento
O administrador executivo do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), Bráulio Augusto, reconheceu que os sistemas de financiamento em Angola ainda enfrentam desafios estruturais, como altas taxas de juros e a ausência de garantias tangíveis para muitas empresas. Segundo o adminsitrador do INAPEM, cerca de 80% das PMEs em Angola operam na informalidade, dificultando o acesso ao crédito.
Ainda assim, disse que as iniciativas do Governo têm trazido avanços importantes em áreas como a criação do Fundo de Garantia de Crédito e parcerias com instituições multilaterais, que resultaram em linhas de crédito específicas para sectores prioritários.