O encontro debateu as conquistas conseguidas pelos movimentos, bem como os problemas internos e as divisões que, segundo os participantes, influenciaram tanto na luta contra o colonialismo português quanto no contexto pós-independência. Isaías Samakuva, por exemplo, debruçou-se sobre as dificuldades enfrentadas nas tentativas de unir os movimentos.
“Apesar de termos um objectivo comum, que era a independência, infelizmente prevaleceram os interesses particulares de cada grupo, resultando em divisões que, ainda hoje, se reflectem na nossa sociedade”, afirmou. O ex-presidente da UNITA ressaltou também a importância de se aprender com o passado como forma de construir uma nação mais unida.
Ngola Kabangu, por sua vez, referiu-se às interferências externas e às intrigas que agravaram as divisões, apontando o papel das potências coloniais que fomentaram as rivalidades entre os movimentos.
Aliás, recordou os momentos de tensão e desacordos, mas também destacou a resiliência das suas lideranças. Já Mário Pinto de Andrade, do Grupo Parlamentar do MPLA, chamou atenção para a necessidade de se resgatar a história como uma ferramenta educativa.
“A independência foi proclamada num contexto difícil, e reconhecer os erros do passado é essencial para avançarmos como nação”, afirmou.
O debate reforçou a relevância de se revisitar o processo histórico de libertação nacional, não apenas para reconhecer as conquistas, mas para se superar os resquícios do tribalismo e partidarismo que ainda hoje dividem os angolanos.
Ao final, os participantes sublinharam a necessidade de se consolidar uma visão mais colectiva em prol do desenvolvimento do país, ao mesmo tempo em que reconheceram os esforços do Presidente João Lourenço neste processo.
Para estes três nacionalistas, ao analisar o passado do país, não é produtivo focar-se na busca pelos culpados, já que isso geraria mais conflitos.
Ngola Kabangu, Isaías Samakuva e Pinto de Andrade entendem que a independência foi proclamada num contexto complexo, e atribuir culpas individuais ou colectivas não contribui para que sejam resolvidos os passivos históricos que o país enfrenta.
O projecto ‘Oficina do Conhecimento’ é uma iniciativa do especialista em relações internacionais, Osvaldo Mboco, e procura fomentar a discussão sobre os problemas mais candentes do país e apontar soluções para o fortalecimento da democracia e, consequentemente, o desenvolvimento.