O Fuel Ordoil Normal, em particular, apresentou uma queda de 38,62% comparativamente ao mesmo trimestre de 2023. Esta redução ocorre num contexto de forte dependência da importação de combustíveis pelo mercado.
No período em análise, aproximadamente 70% das aquisições nacionais foram provenientes do exterior, com um aumento de 6,17 pontos percentuais em relação ao segundo trimestre de 2024.
Apesar disso, o número de postos de abastecimento operacionais manteve-se constante, totalizando 896 de um universo de 1 172.
Importações e produção nacional
Durante o terceiro trimestre, o país importou 774 353 toneladas métricas de combustíveis líquidos e asfalto, dos quais 65% foram gasóleo e 33% gasolina.
O valor total gasto com importações alcançou 662 milhões de dólares americanos. Em contraste, a Refinaria de Luanda contribuiu com 317 550 toneladas métricas, representando 28,77% do total adquirido nacionalmente.
O Topping Plant de Cabinda forneceu 12 835 toneladas métricas, principalmente de gasóleo, Jet A1 e petróleo iluminante.
No segmento de gás de cozinha (GPL), a produção nacional respondeu por 22% do volume comercializado, enquanto os restantes 78% foram importados.
A capacidade de armazenagem em terra permaneceu estável em 675 968 metros cúbicos para combustíveis líquidos e 11 727 toneladas métricas para GPL.
O número de postos de abastecimento operacionais foi liderado pela Sonangol Distribuição e Comercialização, com 36,7%, seguida por agentes privados (41,2%), Pumangol (9,2%), e outras empresas menores.
Impacto nos preços e consumo
Os preços dos combustíveis em Angola continuam entre os mais baixos da região da SADC. A gasolina foi comercializada a 0,329 USD (Lt) litro (300 Kz/Lt), enquanto o gasóleo foi vendido a 0,219 USD/Lt (200 Kz/Lt). Em comparação, o preço mais alto da região foi registado nas Ilhas Seicheles e no Malawi, onde os valores ultrapassaram os 1,50 USD/Lt.
O relatório aponta que Luanda liderou o consumo de GPL, representando 58,9% do total nacional, seguida pelas províncias de Benguela, Huíla, Huambo e Cabinda.
Cenário macroeconómico
O aumento da inflação, durante o período, também afectou o custo médio dos combustíveis. A variação homóloga foi de 16,96%, enquanto o preço médio do Brent, que baliza as exportações angolanas, fixou-se em 80,34 USD/bbl, uma ligeira subida em relação ao trimestre anterior.
Apesar do aumento no volume total de vendas de combustíveis (1 262 175 toneladas métricas, um crescimento de 3%), a redução na produção local e a maior dependência de importações levantam preocupações sobre a sustentabilidade do mercado energético nacional.
Os dados do terceiro trimestre reforçam os desafios enfrentados para equilibrar a produção nacional com a dependência de importações.
A necessidade de aumentar a capacidade de refino local e melhorar a eficiência do sector petrolífero é crucial para reduzir a vulnerabilidade às flutuações do mercado internacional e aos custos elevados das importações.
Por: Francisca Parente