Há dois anos, por conta de uma dificuldade que passaram, relacionada com a falta de habitação, Dário de Almeida, 15 anos de idade, estudante do curso de máquinas e motores e Georgina de Almeida, 18 anos, do curso de construção civil, juntamente com o seu primo-irmão, Amadeu dos Santos, tiveram a ideia da criação de blocos de plásticos.
A mãe dos irmãos procurava por uma casa na cidade de Luanda para arrendar e, para além de ter registado alguma dificuldade, as poucas que apareciam estavam a um preço alto, pelo que os irmãos, numa primeira fase, sugeriram que fossem viver numa casa contentorizada.
Foi avaliada a proposta, analisado o custo, entre outros aspectos, e chegaram à conclusão que não era viável. Eis que os jovens pensaram na possibilidade de criar um projecto que não ajudasse apenas a si e sua família, mas a todos aqueles que tivessem dificuldades em ter uma residência a baixo custo e amiga do ambiente.
O bloco, o cimento, varão, entre outros elementos da construção civil, continuam a registar uma inflação desmedida, pelo que uma solução que custe menos foi o que lhes apareceu na cabeça. “Fizemos pesquisas e sugerimos à mãe que fôssemos viver numa casa feita de blocos de plástico.
A mãe pediu que lhe contássemos mais sobre a ideia e assim surgiu o projecto. São tijolos que não precisariam de cimento, cola ou silicone, serão tipo legos ou encaixáveis. Fizemos as fórmulas e os moldes, os desenhos arquitectónicos, mas depois de um tempo não surgiu patrocínio e projecto foi para o envelope dos projectos”, conta Dário.
Os jovens decidiram retirar o projecto engavetado e apresentar ao Desafio Genial, uma iniciativa da UNICEF, e num universo de dez projectos seleccionados, a EcoHelp esteve entre as cinco finalistas. Embora o Desafio Genial tenha sido ganho apenas por dois projectos, os mentores da EcoHelp sentem que alcançaram um grande feito pelo facto de terem estado entre os cinco finalistas.
Este grande feito é que lhes tem motivado a não desistir da ideia de “mudar Angola e o Mundo”, como dizem, e continuarem na busca por patrocínio e parceria.
E uma parceira importante foi feita com a associação Nação Verde, que se dedica à recolha selectiva de resíduos sólidos, que se predispôs a fornecer 10% do plástico recolhido a EcoHelp.
Casa nem muito quente nem muito fria
Além na Nação Verde, a Dream Mults vai ajudar na projecção das formas, faltando apenas a maquinaria, e precisam também de equipamentos de logística e armazenamento.
O projecto integra engenheiros de petróleo, arquitectos, engenheiros químicos, técnicos de construção civil e de máquinas.
“Ainda não temos os equipamentos, pelo que precisamos de patrocínio para dar seguimento. O projecto precisa ser aprimorado, mas já com a maquinaria que ainda não temos. Nós temos a ideia, o projecto e a confirmação que blocos ecológicos encaixáveis servem.
Temos o protótipo funcional”, reforça Geórgia. Construir uma casa com os blocos é muito simples e rápido, segundo os mentores, pois, para executar uma casa com 72 metros quadrado, isto é, de dois quatro, sala, cozinha e quarto de banho, estimam que sejam precisos apenas sete dias, com auxílio de cinco pessoas.
Os blocos terão aberturas para que seja possível a conservação térmica, de maneira a que as casas não sejam nem muito frias, nem muito quente.
“Está salvaguardado este aspecto, bem como a protecção contra desastres naturais. As casas serão frescas no tempo de calor e a aconchegantes no tempo de frio”, disseram.
As mesmas aberturas vão auxiliar na passagem de cabos eléctricos, tubulação de água e isolamento acústicos e térmicos. “Trazemos uma solução prática para a falta de habitação e o acúmulo de lixo em nossos bairros.
Somos um grupo de jovens provenientes da província Luanda, que cresceu a ver as dificuldades enfrentadas por nossas comunidades, por isso, acreditamos que com trabalho, inovação e educação, será possível mudar essa realidade.
Promovemos a geração de renda e buscamos envolver e conscientizar as pessoas sobre a importância da reciclagem e da preservação ambiental”, finalizaram.