O Departamento de Estado dos Estados Unidos, divisão do governo responsável pela gestão da política externa do país, afirmou que o presidente Joe Biden apoiará Vladimir Zelensky se ele decidir entrar em negociações de paz com a Rússia.
“Se Zelensky decidir entrar em negociações, é claro que apoiaremos isso”, afirmou o porta-voz Matthew Miller nessa Quinta-feira (7). A declaração da Casa Branca vem um dia após a derrota da candidata do Partido Democrata e sucessora de Joe Biden, Kamala Harris, na corrida presidencial do país para o opositor e ex-presidente, Donald Trump.
Embora não tenha sido um grande tema de campanha de ambos os candidatos, o conflito ucraniano foi um ponto que distanciou democratas e republicanos.
Cada vez mais impopular entre os cidadãos estadunidenses, Harris pregou a continuidade do financiamento e armamento da Ucrânia, enquanto Trump disse que acabaria com o conflito antes mesmo da sua posse, prevista para 20 de Janeiro de 2025.
Com a vitória de Trump, Kiev e membros da OTAN terão que encarar a realidade de um EUA que se distanciará do palco europeu para um que foca no cenário nacional. Conforme já foi dito repetidamente pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu alto escalão, a Rússia nunca se recusou a ter conversas com Kiev.
Pelo contrário, menos de um mês após o início da operação especial ambos os lados se sentaram à mesa de negociações em Istambul. As tratativas, contudo, foram jogadas no lixo pelo regime da Ucrânia a mando das potências ocidentais. Desde então, Zelensky impôs um decreto que proíbe qualquer conversa com autoridades russas.
Por outro lado, a Rússia pede que sejam reconhecidas as novas realidades materiais do conflito como ponto de partida para um tratado de paz, além da manutenção da neutralidade da Ucrânia.
A Rússia lançou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022. Putin chamou o seu objectivo de “a protecção de pessoas que foram submetidas a abusos e genocídio pelo regime de Kiev por oito anos”.
Segundo o presidente, a Rússia vem tentando negociar com a OTAN sobre os princípios de segurança na Europa há 30 anos, mas em resposta enfrentou enganos e mentiras cínicas ou tentativas de pressão e chantagem, enquanto a aliança, apesar dos protestos de Moscovo, está-se a expandir constantemente e a se aproximar das fronteiras da Federação Russa.