A sociedade benguelense deposita confiança em Nunes Júnior, ciente de que, tal como prometeu o homem forte, Benguela vai se bater junto do Governo Central, com o Ministério das Finanças à cabeça, de modo a que os bloqueios financeiros com que a província sempre se confrontou possam vir a ser ultrapassados, para não comprometer ritmos de empreitadas as quais considera estratégicas para a localidade, não tivessem essas o escopo de melhorar a condição social da população.
Dado assente, porém, é que os projectos não vão parar. Nunes Júnior deixa subjacente a ideia de que a carteira de investimento de mais ou menos USD 2 biliões está, em princípio, assegurada. Para tal, o antigo ministro de Estado para a Coordenação Económica promete valer-se da «capacidade de reacção».
Diferente de outros governantes, Nunes Júnior não trouxe uma mala cheia de projectos e/ou promessas, nem dispõe, por ora, de um plano de acção. Numa primeira fase, como, de resto, se sabe, vai andar como que à boleia de grande parte de projectos de Luís Nunes, o seu antecessor, agora empurrado para a província de Luanda, todos aprovados por decreto do Presidente João Lourenço e que têm a OMATALO como empresa executora.
Nunes Júnior sustenta que, nos próximos dias, deve proceder a um diagnóstico da província, calcorreando Benguela de lés-a-lés, facto, pois, que lhe vai permitir elaborar um «plano de acção». O governador definiu como palavra de ordem, enquanto durar o seu contrato em comissão de serviço à frente da província, “Benguela- município a município – rumo ao desenvolvimento” a pensar, justamente, no bem-estar social da população local e “cumprir a missão com honra” – como ele próprio sublinhou. “Tudo faz parte do programa, desta dinâmica. As obras vão prosseguir, e contamos com todos sem excepção”, promete.
Sociedade lembra a existência de fome
Vários segmentos sociais, políticos e religiosos têm defendido a necessidade de, para além do betão com a execução de vários projectos, se olhar para a questão social. O bispo de Benguela espera de Nunes Júnior a resolução de problemas básicos da população. Dom António Jaka diz ser necessária a assumpção de responsabilidade em relação ao combate à fome, realçando que cada governante deve trabalhar “para ver o seu povo feliz”.
O secretário provincial da UNITA, Avelino Canjamba José, não tem dúvidas de que Luís Nunes deixou “muitas obras” e questiona as razões de a disponibilização de recursos financeiros depender, em grande medida, da pessoa do gestor público.
A título de exemplo, o também deputado à Assembleia Nacional socorre-se de um passa- do recente e sustenta que, no tempo de Rui Falcão, Benguela dificilmente dispunha da «bênção» do Governo Central, no que se refere a financiamentos. “Não entendendo, se o partido é o mesmo”, elucida o político, ao sugerir ao novo governador que há mais vida para lá do betão.
Adverte que ele tem 100 dias para conhecer a realidade, período que pensa ser necessário para ele ter noção da realidade e, acto contínuo, “atacar os problemas das famílias em extrema pobreza”, disse. O empresário Adérito Areias, que interveio na cerimónia em nome da sociedade, salienta que a chegada de Nunes Júnior representa uma nova etapa para Benguela e apela que se valha da sua experiência e compromisso, a fim de que a província avance no trabalho do progresso.
“Sabemos da sua dedicação à causa pública e sua paixão pelo desenvolvimento de Angola”, considera. Ele sugere que a visão de Júnior para o desenvolvimento de Benguela deve-se basear no diálogo e na força de trabalho, na perspectiva de que se traga novas oportunidades e desafios “que, com a sua liderança, são superados com êxitos.
Benguela é uma província rica em potencial e capital, e acreditamos que, sob a sua liderança, continuaremos a vencer, a diversificar a nossa economia e a melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos”, manifesta o conhecido empresário apelidado de «rei do sal».
POR:Constantino Eduardo, em Benguela