A nossa administração pública enfrenta desafios significativos no que tange à ética e probidade. Em um contexto marcado por denúncias de corrupção, desvio de recursos públicos e nepotismo, é imperativo que os servidores públicos se comprometam com os mais altos padrões de conduta ética e probidade.
Como cristã, acredito que a Bíblia, em sua sabedoria atemporal, nos fornece orientações valiosas sobre a importância da integridade e justiça no serviço público. Provérbios 29:4 nos lembra que “Um rei que julga com justiça estabelece o país, mas aquele que aceita subornos o destrói.”
Essa passagem ressalta a necessidade de lideranças públicas que pautam suas decisões em princípios éticos, em detrimento de interesses pessoais ou partidários.
A ética na administração pública vai além de meras regras e regulamentos. Ela envolve um compromisso sincero com a transparência, responsabilidade e imparcialidade no tracto da coisa pública.
Como bem observa o filósofo Aristóteles, “A virtude é uma disposição da alma relacionada à escolha, consistindo em um meio-termo relativo a nós, determinado pela razão e tal como o determinaria o homem prudente.”
Portanto, a ética na administração pública requer servidores públicos dotados de prudência, discernimento e coragem para fazer as escolhas certas, mesmo diante de pressões e tentações.
A probidade, por sua vez, é a pedra angular de uma administração pública íntegra e eficiente. Ela se manifesta no uso correcto e transparente dos recursos públicos, na prestação de contas e no combate implacável ao desperdício e à corrupção. Salmos 15:1-2 nos convida a reflectir sobre as características daquele que pode habitar no monte santo de Deus: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda em integridade e pratica a justiça, e fala a verdade do seu coração.”
Com pesar, a realidade no nosso país aponta para um cenário preocupante, com altos índices de percepção de corrupção e baixa confiança da população nas instituições públicas.
Segundo o Índice de Percepção da Corrupção de 2021, elaborado pela Transparência Internacional, Angola ocupa a 136ª posição entre 180 países avaliados, com uma pontuação de apenas 27 em uma escala de 0 a 100, onde 0 representa altíssima corrupção e 100 representa total transparência. Diante desse quadro, é imperativo que os servidores públicos se comprometam com uma transformação ética profunda.
Precisamos de lideranças íntegras que sirvam de exemplo e inspiração para seus pares. Precisamos de uma cultura organizacional que valorize a meritocracia, a responsabilidade e a prestação de contas.
Precisamos de mecanismos robustos de controlo e fiscalização, capazes de coibir desvios e punir severamente os infractores. Acima de tudo, precisamos de uma mudança de mentalidade.
Precisamos de entender que servir ao público é um privilégio e uma honra, não um meio de enriquecimento pessoal. Precisamos ter a coragem de denunciar irregularidades e resistir a pressões indevidas.
Precisamos ter a humildade de reconhecer nossos erros e a determinação de corrigi-los. Como servidores públicos, carregamos sobre nossos ombros a responsabilidade de construir uma pátria angolana melhor, mais justa e próspera.
Que possamos ser inspirados pela sabedoria bíblica e pelo exemplo de líderes íntegros ao longo da história. Que possamos ter a ousadia de sonhar com uma administração pública pautada pela ética e probidade, e a determinação de transformar esse sonho em realidade.
Que Deus nos abençoe e nos dê forças para sermos sal e luz em nossas instituições. Que possamos, juntos, erguer uma Angola onde a ética e a probidade sejam não apenas aspirações, mas realidades palpáveis, que iluminem o caminho para um futuro de justiça, desenvolvimento e bem-estar para todos os cidadãos.
Por: SELMA ARAGÃO