É alguém que desde muito cedo esteve sempre ligado à literatura e a música, escrevendo te- mas para vários artistas que hoje são detentores de inúmeros sucessos musicais. Como surgiu esta intenção de dinamizar o sector das artes?
Na verdade, o princípio de tudo foi a rádio. Quer a literatura quer a composição para a música tu- do veio da inspiração jornalística enquanto radialista.
E como começa esse processo?
Antes da rádio, tive o privilégio de ter os pais que eram ligados à educação e à cultura.
Foram determinantes nesse começo?
Sim, claro, obviamente.
Até que ponto?
Minha mãe foi professora há mais de 50 anos e o meu pai sempre escreveu. Então, eu já tinha um ambiente cultural em casa desde miúdo que me proporcionava o acesso aos livros, a revistas, a música, ao teatro, ao cinema e às artes no geral.
Considera-se ter sido um privilegiado por crescer num ambiente de cultura?
Sim. Neste aspecto sempre fui privilegiado. E acho que foi um pouco por isso que, quando terminei o ensino secundário, tinha por aí 17 anos, ouvi falar de um concurso da rádio e fui me inscrever e assim comecei como estagiário.
E, quando chega na Rádio, a primeira pessoa com quem começa a trabalhar é o Eduardo Paim. Como foi essas experiência?
Exactamente, a primeira pessoa com quem trabalhei foi o Eduardo Paim. Trabalhei com ele por alguns anos. Nós tínhamos quase a mesma idade, se não me engano, e anos de- pois surge o Mamborró que foi a pessoa com quem trabalhei por mais tempo e tive a melhor experiência e parceria musical.
Desde sempre demonstrou, nas suas composições, uma especial atenção voltada ao público infantil. Por quê?
É importante antes esclarecer que a minha actuação, desde os tempos dos cantores “Pió”, não é propriamente voltada ao público infantil, mas sim ao infanto-juvenil. Ou seja, eu entro mais na fase de transição da infância para a adolescência.
Até que ponto?
Portanto, os artistas passavam pelas minhas mãos na fase dos 15, 16 aos 18 anos de idade, numa altura em que eles já tinham mais ou menos a consciência formada e com capacidade de discernir aquilo que eles realmente desejavam ser.
E porque desta selectividade?
A razão de me preocupar mais com as crianças, se posso as- sim considerá-las, nestas idades, é muito simples; é porque elas são aquilo que esperamos para o nosso futuro.