Nos últimos quatro anos, o mercado cinematográfico nacional regista, anualmente, em média, uma produção de seis filmes, o que configura um aumento significativo em relação aos anos anteriores que tinha uma média na ordem dos 4 a cinco produções.
Os dados foram divulgados ontem, por Francisco Keth, representante da Associação Angolana dos Profissionais de Cinema e Audiovisual (APROCIMA), que considerou como sendo um saldo positivo.
Falando em declarações à RNA, em alusão ao Dia Mundial do Cinema, assinalado ontem, Francisco Keth apontou, igualmente, o crescimento a nível da disponibilidade de materiais e equipamentos usados na produção de filmes que, cada vez mais, vão chegando ao mercado nacional.
“Actualmente, as produtoras têm maiores e melhores equipamentos, desde microfones, luzes e câmeras, e conseguem dar resposta de qualidade do ponto de vista técnico”, destacou.
O responsável disse ainda que, graças a essa toda envolvente, hoje já se consegue ter o cinema angolano como referência, embora reconheça haver ainda um longo trabalho a percorrer. “Hoje, as produtoras conseguem dar respostas céleres e com mais qualidade em relação há quatro ou cinco anos”, frisou.
Balanço positivo
Edgar de Carvalho, director do Festival de Cinema ao Ar Livre, em declaração ao jornal OPAÍS, fez um balanço positivo da evolução do cinema em Angola, sobretudo devido à participação cada vez mais do público.
A título de exemplo, apontou o seu festival realizado no município de Viana como sendo a prova desta evolução. Conforme referiu, um total de 11 mil pessoas assistiram ao referido festival de teatro ao ar livre Cinefest, em que participaram mais de 40 filmes de nacionalidades diversas.
Disse que participaram do evento convidados, visitantes assíduos do jardim municipal, transeuntes, vendedores ambulantes e estudantes, subdivididos em vários grupos,desde o momento da abertura até ao fecho. Durante as exibições, Edgar de Carvalho explicou que houve actividades paralelas ao Cinefest, como exercícios físicos, capoeira e demonstração de artes.
Mais apoios
Por seu lado, Mawete Paciência, produtor, disse que não se pode dizer que Angola já tenha uma produção cinematográfica à altura do que se deseja. Mas reconheceu haver uma maior produção de filmes em relação aos anos anteriores.
“Há um crescimento enorme de jovens que têm vontade de produzir filmes. Isso é bonito de se ver. Temos de louvar isso, porque todos começamos por aí neste percurso”, reconheceu.
O produtor, que trabalha em ficção há mais de dez anos, apelou a um maior apoio e investimento das entidades de direito, com vista a engrandecer o mercado cinematográfico nacional.
“Ainda fazemos filmes de forma muito precária. E hoje já não se justifica. Se nós queremos ter um mercado cinematográfico funcional, nós temos de pensar e olhar para o mercado com mais abrangência”, defendeu.
Institucionalização da data
O dia 05 de Novembro celebra-se anualmente como Dia Mundial do Cinema. Ao cinema atribuiu-se o título de Sétima Arte, uma designação dada pelo italiano Ricciotto Canudo, na obra Manifesto das Sete Artes, em 1912.
A palavra cinema pode ser definida como movimento gravado, pois se trata de uma abreviação de cinematógrafo. O termo “cine”, de origem grega, significa movimento, e o sufixo “ágrafo” tem significado de gravar.
As produções cinematográficas exercem forte influência sobre as emoções humanas, levando milhares de pessoas aos cinemas, produzindo riso, choro, medo ou outros sentimentos a qualquer altura do dia.
Em 1895, Paris teve a primeira sessão pública de cinema, que foi organizada pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. Utilizando um aparelho chamado de cinematógrafo, imagens em movimento foram projectadas em um telão para cerca de 30 espectadores.