Segundo denuncia feita pelo presidente da Associação dos Transportes Colectivos e Urbanos de Angola (ATCUA), Carlos Carneiro, estes pensam que o negócio “dá muito dinheiro”, mas nega esta narrativa. O empresário fala em prejuízos enormes e só resistem porque há um compromisso com o governo de prestar um serviço social, tendo elucidado que, em média, as empresas ficam apenas com 30% das receitas. “Há gastos operacionais altos
. Não há dinheiro para a reposição de peças, pagam salários”, disse, acrescentando que, por essas razões, só a província de Luanda, este ano, tem mais de 100 autocarros fora de serviço, ou seja, avariados. Este facto, na sua visão, justifica as enchentes de pessoas nas paragens, sobretudo nas horas de ponta, de entrada e saída ao trabalho.
O presidente da Associação dos Transportes Colectivos e Urbanos de Angola entende que a entrada em vigor dos passes vai acabar com a prática de roubo do dinheiro das empresas por parte dos cobradores. As empresas têm dívidas por pagar pelos autocarros que receberam ao governo por via do Ministério dos Transporte, em que cada autocarro custa 58 milhões de kwanzas, valor que deve ser reembolsado em quatro anos.
Dados oficiais indicam que a província de Luanda precisaria de 400 autocarros, mas, actualmente, é servido com menos de 300 autocarros, em consequência dos constrangimentos já acima elencados, muitos avariados e incapacidade financeira das empresas para a reposição de peças.
Fora aos autocarros públicos, a Associação Nova Aliança dos taxistas de Angola (ANATA) controlava, em Luanda, 40 mil táxis. Mas, segundo o seu presidente Francisco Paciente, face à quebra de muitos por falta também de reposição de peças sobressalentes e do mau estado das estradas, o número reduziu significativamente e deixou muitos jovens no desemprego.
Fábrica de autocarros pode “nascer” na província do Bengo
O Ministério dos Transportes anunciou, recentemente, a aquisição de 600 autocarros da marca Volvo e a construção da primeira fábrica de montagem de autocarros na Zona Franca da Barra do Dande, na província do Bengo. A iniciativa faz parte do Programa de Expansão dos Transportes Públicos, que visa melhorar a mobilidade urbana e rural no país.
POR:José Zangui