“A nossa intenção era tirar o dinheiro da vítima. Quem deu a pista é um dos elementos do grupo que não foi apanhado, chamado Ivan (que estava dentro do banco, na fila).
Fiz o disparo por- que me assustei, uma vez que o senhor tirou a sua arma e manipulou em frente de mim”, estas foram as palavras do jovem Hélder Ricardo, na altura em que tinham sido apresentados publicamente à imprensa, depois de detidos pelo SIC.
Entretanto, este jovem, que é visto como o autor do disparo mortal, em tribunal, nalgumas sessões de julgamento, chegou a negar a autoria do crime, tendo acrescentado que assumiu apenas porque tinha sofrido, tal como os outros dois, agressões por parte dos agentes do SIC.
“Estava a almoçar num restaurante, no Zango 8.000, quando fui surpreendido pelos agentes do SIC-Luanda que orientaram que pusesse as mãos ao ar. Tão logo levantei as mãos, fizeram um disparo que atingiu o braço esquerdo.
Não entendi nada, fui leva- do, fui espancado e diziam que iria morrer”, disse o réu Hélder de Carvalho, t.c.p.
“Pambala”, de 23 anos, tido como o autor do disparo mortal contra o professor. “Os agentes do SIC bateram com muita força a minha porta, esbofetearam-me, partiram um cabo de vassoura na minhas costas e fizeram vários disparos de arma de fogo, em frente a minha família.
Sem mandado de captura, e sem saber as razões da minha detenção, fui levado a um lugar que parece ser secreto, na Centralidade do Kilamba, que eles chamam de Floresta, onde acusaram-me de ter matado o professor e disseram que iria morrer por envenenamento”, declarações do réu Adriano Júnior, t.c.p.
“Mula”, de 33 anos. As alegações de agressão nunca foram levantadas e quando o juiz chamou os réus para que confirmassem as assinaturas que constam das suas declarações no acto de instrução preparatória, estes afirmaram serem eles os signatários, mas que foram obrigados a aceitar aquela história sob fortes ameaças de morte.
Diante das acusações apre- sentadas pelos réus, a Digna representante do Ministério Público não se mostrou indiferente, pelo que fez questão de saber do réu Adriano “Mula”, o nome dos agentes que o ameaçaram de envenenamento e morte. Houve, inicialmente uma resistência por parte do réu em dizer nomes, com a alegação de que não se lembrava, mas o MP insistiu.
Alguns dos agentes foram chamados em tribunal e a “história” não se confirmou, tendo, posteriormente, os réus mudado de discurso e não mais voltado a falar em agressões. O MP pede a condenação dos réus todos, com a excepção da jovem que recebeu de oferta o telefone da vítima, da mão do seu primo.