Em Benguela, a produção literária está, não só nas mãos de escritores publicados como também os não publicados. Aos primeiros temos vindo a direccionar a nossa atenção, mas obviamente, o fenómeno literário local não sobrevive apenas daqueles que já têm nome ou até mesmo dos mais mediáticos; a literatura em Benguela, nos dias de hoje, não se reduz a Patissa, Paula Russa ou a Sipitali, embora se deva convir que esses são as suas principais bandeiras.
Há muito escritor que actua no anonimato, não tendo uma obra literária no mercado, mas que se reconhece o seu dom com a palavra. Há quem viva o semi-anonimato, publicando os seus textos nas redes sociais como por exemplo o professor Domingos Vicente ou ainda o escritor Ysaac Vaaly, esse o último até chegou a ser lançado pelo Movimento Letras Verdes de Wendalika através da colectânea intitulada “ Rumos”da qual falaremos mais abaixo.
Temos observado um conjunto de indivíduos com grande propensão à produção literária e alguns até prontos ou minimamente prontos, mas que por diversas razões não são ainda publicados.
Insta perceber que este fenómeno não é novo, veja-se que o escritor Onokapwi Mansima, com uma estrada no mundo literário local, apenas lançou a sua primeira obra em 2022, “ Memórias de um tempo rasgado” e da sua escola têm saído muitos (aspirantes) escritores, declamadores sem obras, mas que a partir de suas apresentações públicas, constatámos uma qualidade que merece ser referenciada.
Entre os mansimianos posso ainda referenciar o herdeiro natural de Onokapwi, devido ao seu dom com a música também, Bruno Miúdo ou ainda as poetisas Felícia Nambolela,mais conhecida por Diva da Poesia, a poetisa Lukanda Silveira, autora de um dos poemas que aborda a situação débil e de extrema alienação de África por intermédio de uma linguagem erótica, não se pode esquecer de Inácio Sambisa.
Deve-se destacar que o spokenword e a arte de declamação têm um lugar importante entre os mansimianos, não seria um exagero, portanto, considerá-los o viveiro destas artes que têm feito parte da ementa, juntamente com a poesia lírica, nas suas constantes apresentações.
As agremiações ou associações literárias como a AJE-sul, a Brigada Jovem de Literatura e outras, embora órfãs de uma poética ou identidade própria, propõe-nos também alguns escritores, mas não posso passar para “Rumos” sem antes referenciar o pequeno escritor que conheci por meio do Piaget, José Salassa, com contos de encher o olho, mas que ainda não deu a ler ao público.
Domeste Vicente, pseudónimo de Domingos Vicente, é um dos poetas e contistas de que mais aprecio e sinto muito por Benguela, pela sua Instituição literária local, não ser congratulada com uma obra deste senhor que possui um conjunto de obras de arte espalhadas pela rede social facebook, tenho tido receio de já ter sido plagiado pelos amigos do alheio; Domeste tem o dom de dominar diferentes tipologias textuais, seja artísticas como também as não literárias.
O professor Calivala, se bem que prefere ser tratado mais como crítico, também fica a devernos uma obra literária. Por fim, a razão do nosso título o poeta Ysaac Vaaly, um autor com uma poética singular que na opinião do escritor desta página, está pronto para lançar o seu primeiro rebento literário, assim como também alguns poetas da colectánea de poetas benguelenses “ Rumos” dirigida pelo poeta Wendalika da qual Vaaly fez parte com os seus textos: “Este é o meu Legado” e o “ Legado em construção”.
Ysaac Vaaly é o pseudónimo de Lourenço Fernando Isaac Segunda, natural do Balombo, escritor, formado em Ensino de Língua Portuguesa e Nacionais, Opção Umbundu pela Jean-Piaget – Benguela. Foi membro da BJLA – BENGUELA, tendo exercido funções de Secretário para o acompanhamento dos municípios, e, membro do Movimento Letra Verde.
Não queremos nos esgotar sobre a sua poética, queremos deixar uma apresentação real sobre a sua filosofia, sua identidade, sua poesia para o lançamento de sua obra. Assim, entenda-se que com esta página, queremos suscitar o interesse dos leitores para alguns diamantes que Benguela tem, mas que não estão a brilhar porque não têm uma obra ainda no mercado.
Nesta perspectiva, Benguela ainda não deu tudo que tem a oferecer para o cenário literário nacional, uma vez que há, para além, destes autores que conhecemos, muitos escritores com uma maturidade literária o suficiente, no entanto ainda não têm publicações por diversas razões; alguns porque acham que não é o momento, muitos por precisarem de financiamento e outros por simplesmente não desejarem publicar, deixando o espaço para uma possível publicação póstuma.
Por: YSAAC VAALY