Os terrenos acidentados, as ravinas que cortaram a circulação entre um sector e outro, as casas de construção precárias, quintais e obras abandonadas, becos e ruas estreitas contrariam a beleza do nome ‘Paraíso’, apelidado a um dos bairros mais temidos de Luanda no que toca à criminalidade.
As pequenas bancadas de vendas de produtos alimentares à porta das casas, crianças e adultos nas ruas e o vai-e-vem dos mototaxistas, vulgo Kupapatas, dão as boas-vindas a quem, com coragem, escala o ‘Paraíso’, território composto por mais de 44 quarteirões que albergam 152 mil habitantes.
No primeiro contacto, é consensual no seio dos moradores que, depois de o governador provincial de Luanda, Manuel Homem, ter trabalhado no bairro ‘Paraíso’, alocado ao município de Cacuaco em Abril de 2023, a zona conheceu, durante algum tempo, uma certa calmia no que a delinquência diz respeito.
Mas, essa “trégua”, relatam os habitantes, ocorreu mesmo só por pouco tempo. Entretanto, um ano depois da visita de Manuel Homem, os populares afirmam que a criminalidade voltou ao bairro, com os assaltos, violações, assassinatos e lutas de gangues na ordem do dia do bairro.
Com o regresso da criminalidade, muitos moradores voltaram a abandonar as suas casas para se refugiarem noutras zonas de Luanda em que encontram maior segurança, temendo pelas suas vidas, que no ‘Paraíso’ é cercada por roubos à mão armada, violações de mulheres e crianças, assaltos às residências e rixas de grupos rivais que não escolhem as suas vítimas quando estão em acção.
Ao escalar o interior do bairro, o cenário ao longo do dia aparenta ser normal, mas esta tranquilidade pode terminar num ápice com o surgimento, em cada esquina, de adolescentes e jovens envolvidos no mundo do crime e que vagueiam pela zona à procura das suas vítimas.