“Infelizmente, mais uma vez, verificaram-se fraudes grosseiras. Repetiram-se enchimentos de urnas, editais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade”. “As irregularidades e fraudes, a grosso modo impunemente praticadas, reforçaram a falta de confiança nos órgãos eleitorais, nos dirigentes que abdicam da sua dignidade e desprezam a verdade e o sentido de serviço que deveria nortear aqueles a quem o povo confia o seu voto”.
“Desta forma, empurram o povo não só a comprovar as suas desconfianças, mas também a se questionar sobre a legitimidade dos eleitos”, afirma o episcopado moçambicano em comunicado enviado à agência ECCLESIA.
No documento, o prelado moçambicano apela à criação de “espaços de colaboração”, considerando “um possível governo de unidade nacional”, ao envolvimento de “instituições competentes e sérias do país na gestão dos processos eleitorais, presentes e futuros” e à coragem para o diálogo “de forma transparente os resultados das eleições.
As eleições gerais em Moçambique realizaram-se a 9 de Outubro, cujos resultados finais serão publicados nesta Quinta-feira. No mesmo comunicado, o episcopado condenou os assassinatos do advogado Elvino Dias, do candidato presidencial Venâncio Mondlane, Elvino Dias, e de Paulo Guambe, mandatário da coligação Podemos, ocorridos, no último Sábado, em Maputo.
“Condenamos o bárbaro assassinato de duas figuras políticas a relembrar com evidência, com semelhanças no método, outros assassinatos de figuras políticas ou da sociedade civil, também ligadas a partidos da oposição, ocorridos na sequência de anteriores eleições”, reiteram os bispos, e apelam que a violência seja travada, assim como “os crimes políticos e o desrespeito pela democracia”.
“Nós, os Bispos Católicos de Moçambique, apelamos a todos os directamente envolvidos neste processo eleitoral e no conflito gerado para que façam do exercício do reconhecimento das culpas e do perdão, e a coragem da verdade, o caminho que permita o retorno à situação normal de um país que se quer vivo e activo e não silenciado pelo medo da violência”, acrescenta o comunicado.
A Igreja assume-se “apartidária”, mas diz não renunciar ao seu compromisso “político e social” e a construção e um caminho concreto” para uma “sociedade mais democrática, inclusiva, justa e fraterna, na qual todos devem viver em paz, com dignidade e futuro”.