Mara Quiosa, que completou 100 dias à frente dos destinos do Cuanza- Sul, apresentou ao Presidente da República, João Lourenço, uma «mão cheia» de dificuldades que ela quer ver ultrapassada, mas também não deixou de dar nota de uma série de projectos em curso, ao que se juntaram, igualmente, pedidos que considerou de «especiais».
A governadora do Cuanza-Sul decidiu ater-se com mais preocu- pação ao sector da educação, esperando por melhoria em termos de condições. Mara Quiosa, que intervinha na reunião, referiu que, em termos de necessidade, a província carece de pouco de mais de 306 escolas, de modo a permitir a inserção de mais 131 mil crianças que se encontram fora do sistema de ensino.
“A nossa província conta, por esta altura, com 490 escolas. E, neste ano lectivo, foram matriculados 526 mil 221 alunos. Temos, infelizmente, senhor Presidente, cerca de 131 mil 334 crianças fora do sistema de ensino”, lamenta a responsável, ao assinalar que, para a construção das escolas em necessidade, correspondendo a duas mil 909 novas salas de aula, a província teria uma necessidade, em termos de quadros da educação, na ordem de 8 mil 012 agentes, entre professores e profissionais da carreira geral.
Mara Quiosa está há 100 dias no Cuanza-Sul e diz que as necessidades apresentadas reflectem um diagnóstico feito, na sequência de visitas de campo realizadas aos 12 municípios da província, ora acompanhado de titulares de departamentos ministeriais, ora com os seus mais directos colaboradores.
Saúde
Em relação ao sector da saúde, a governante salienta que as 360 unidades da rede sanitária se manifestam incapazes para atender à de- manda populacional, ao mesmo tempo que aponta preocupação relacionada com a malária, uma epidemia que continua a liderar a taxa de mortalidade, embora não se tivesse referido a números ilustrativos.
A governadora deu nota ao PR que, a par dessa doença, a tuberculose, anemia, hipertensão têm, igualmente, ceifado vidas, daí terem accionado o senso de preocupação da governadora. Em termos de necessidade/prioridade para o sector, há que se trabalhar afincadamente, a fim de que se resolva a questão relativa ao hospital pediátrico do Cuanza-Sul, Sumbe. “Camarada Presidente, durante as últimas enxurradas, o hospital inundou.
Portanto, a infra-estrutura acabou por ficar inutilizada, por conta da sua localização geográfica”, sinalizou a governadora, ao acrescentar que, por ora, a unidade está desactivada e, em virtude da qual, houve necessidade de se transferir os seus serviços para o Centro de Saúde da Centralidade do Kibaúlo.
“Acabou por ser um pouquinho irónico, ontem recebemos um hospital do terceiro nível, que muito nos orgulha, mas precisamos de melhorar o nosso atendimento para a rede primária”, sustenta. Ela diz que os municípios apre- sentam preocupação para com a necessidade de falta de ambulâncias e defendeu a aposta na formação de quadros.
PIIM a bom ritmo
A governante afirmou que o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), um projecto de iniciativa presidencial, está com uma execução considerada satisfatória. O aludido plano anda à volta de 82 por cento de nível de execução, contando com 125 projectos, sendo 114 de âmbito local, 94 dos quais já executados (faltando 20), 11 central, destes apenas 2 foram concluídos.
vias de acesso para escoar produtos
De problemas, porém, não é tudo. A presença do PR na província foi aproveitada por Mara Quiosa para abrir o livro de dificuldades da província. A governante deixou claro que as atenções de João Lourenço não se limitam apenas à região que ela dirige, todavia não deixou de dizer ao Chefe de Estado aquelas que considera ser, em síntese, as principais preocupações.
A mulher forte do Cuanza-Sul lembra que aquela circunscrição de Angola tem um assinalável potencial na agricultura, aliás, não é à toa que, na última campanha agrícola, foram produzidos mais de 3 milhões e 30 mil toneladas de produtos diversos.
De modo que, nesta perspectiva, haja a necessidade imperiosa de se prestar uma atenção especial às vias de comunicação. “Não necessariamente vias asfaltadas”, sugere a governante, para quem, numa primeira fase, terraplenagem também serviria, isso para permitir a mobilidade e escoar os produtos do campo para os grandes centros de consumo.
A governadora do Cuanza-Sul, Mara Quiosa, defende a construção de portos pesqueiros nos municípios do Porto-Amboim e Sumbe. De pedido em pedido, Mara Quiosa solicitou que se construam 3 tribunais de comarca, lojas de registo, bem como uma mediateca, para quem já é tempo de a sua província dispor de uma infra-estrutura desta natureza.
Pediu, igualmente, que se construa um pólo industrial, tendo sinalizado que está em carteira, em sede do Ministério do Turismo, um projecto de transformação do Sumbe no maior centro turístico do país.
Nesta perspectiva, a governadora, sempre a dirigir-se ao Presiden- te João Lourenço, enalteceu o impacto do PRODESI na província do Cuanza-Sul e, por isso, deu nota que a região tem inscritos 122 projectos para os quais foram desembolsados mais de 33 mil milhões de kwanzas, permitindo, deste modo, criar 2 mil 400 novos postos de trabalho.
Kwenda
Relativamente ao Kwenda, um programa que conta com financiamento conjunto do Banco Mundial e do Governo angolano de 400 milhões de dólares, a número «um» da província partilhou com o PR e demais auxiliares do Titular do Poder Executivo presentes a informação de que esse programa de transferência monetária controla mais de 196 mil agregados familiares, sendo que 108 mil já receberam. Foram transferidos, no âmbito do Kwenda, 14 mil milhões de kwanzas – deu nota a governadora.
Os principais temas de debate
Mara Quiosa elencou alguns projectos no sector da educação, energia e água, justiça, de entre outros, que estão em curso com que ela acredita vir a mudar a vida da população local. no que se refere à distribuição de água, uma vez que, como sustentou, apenas a cidade do sumbe dispõe de infra-estrutura como tal, entende haver necessidade de se aumentar os níveis de produção.
Apesar de vários constrangimentos elencados, Quiosa destaca alguns projectos que, em certa medida, vão dar uma boa imagem à cidade do sumbe, tais são os casos das obras de infra-estruturas integradas do sumbe e não só.
Daí que dissesse que, já para fechar a sua alocução, “camarada Presidente, Cuanza-sul está a acontecer”, proferiu, ao que se seguiu a resposta do PR “e tem que acontecer”, sugeriu João Lourenço.
POR:Constantino Eduardo,
enviado ao sumbe