Este é o sexto livro de Zé Ricardo e aborda com profundidade as ciências dos povos de Porto Amboim, desde a descoberta de Paulo Dias de Novais, nos anos 1581, com a cobiça de outras regiões da zona litorânea de Angola.
Zé Ricardo, em conversa com o jornal OPAÍS, explica que Benguela, que dá título à obra, é a cidade de Porto Amboim que no passado foi chamada de “Benguela Velha”, isso antes da descoberta da actual província de Benguela, pelo que, reza a história, nos anos de 1587, foi descoberta pelo explorador português Lopes Peixoto.
Quanto ao território Mpinda, como é originalmente designado pelos autóctones, terá sido fundado por Kapongue, filho de Mulundo, que descende de povos emigrados doutras latitudes do reino do Ndongo.
O escritor lembra ainda que as primeiras populações habitavam nas actuais zonas do Kissonde, Cazanga e Kiteta, até 1587, por mandato de Paulo Dias de Novais; lembra igualmente o explorador António Lopes Peixoto ter contactado estas comunidades para a construção de um Presidium, que foi erguido no mesmo ano com o nome de Benguela-Velha.
“O livro fala das figuras de Porto Amboim, nomes que ajudaram a erguer aquela cidade piscatória com um potencial industrial e económico. Entretanto, o livro é de leitura areja, resultante de uma escrita criativa, os textos trazem expressividade e doçura para quem tiver o prazer de folhear as páginas da Velha Benguela dos Mupindas”, contou.
Na obra, o retrato histórico de Porto Amboim, intimamente ligada às guerras empreendidas pelos exploradores coloniais portugueses que, procurando conquistar territórios, depois de ocuparem parte da Kissama em 1581, explica, cobiçou outras regiões estratégicas que os facilitassem levar o seu domínio ao longo da costa sul de Angola, a fim de abrir novos pontos de penetração para o interior africano.
Outros factores contribuintes
Zé Ricardo avançou que o poemário traz ainda em evidência o potencial industrial de Porto Amboim, começando pelos projectos que dão suporte à indústria petrolífera, o número de pescarias, a agricultura, a criação de gado e outros que fazem daquela cidade piscatória uma alavanca para o desenvolvimento económico do Cuanza-Sul.
Com a intenção de ver a obra apreciada por vários leitores no país, o escritor ambiciona apresentar “A velha Benguela dos Mupindas” a várias províncias, a começar por Luanda, na União dos Escritores Angolanos.
Breve percurso
José Ricardo André Francisco, pseudónimo literário de Zé Ricardo, nascido no Sumbe, jornalista de profissão, passou pelos jornais Angolense, Agora, Cruzeiro do Sul, Manchete, Visão, Rádio Nacional, pela emissora do Cuanza-Sul, Voz de América, e outros.
Começou a escrever desde muito jovem, a primeira com publicações ao mercado literário angolano a partir de 2019, com a estreia do romance poético “Confissão de um amor proibido”; depois seguiram-se os livros “Recados aos chefes”, “Juras & confissões”, o poemário erótico “Orgasmos da memória”, “Segredos de liderança”. Como jornalista há mais de vinte anos, escreve de tudo um pouco.
Desde poemas, crónicas, ensaios, contos e romances, tem no prelo para o próximo ano dois livros: um romance intitulado “A viúva de sete maridos”, o outro “Verdades que ninguém fala”, uma crítica que faz à governação pelos níveis cada vez crescente do número de pobres no país e o crescimento galopante de desempregados, com maior realce para os jovens recém-formados.