O filme do escritor que foi pioneiro na preservação da cultura e tradições de Angola, distinguido em vários países, revela o rico acervo literário, etnógrafo e pessoal que compõem a sua trajectória.
O porta-voz do Palácio de Ferro, Hamilton Víctor, disse que, ao longo da sua trajectória, um dos trabalhos do escritor estava focado na Casa Museu Óscar Ribas, a primeira no país, que funciona como centro educativo e cultural desde 1996.
Hamilton Víctor considera que falar de Óscar Ribas significa descrever a vida de um cidadão que dedicou o seu tempo a escrever e deixou um legado enorme no campo da literatura.
Pelo seu posicionamento social, defende que a sua figura, assim como de outras personalidades de destaque, deve ser cada vez mais enaltecida. “O documentário busca preservar e divulgar o legado de Óscar Ribas às gerações presentes e futuras. Acho que se faz pouco pela expansão e divulgação da sua figura, do seu legado, da rica literatura deixada pelo escritor”, realçou.
De acordo com a fonte, a escolha do documentário em cartaz foi sugerida pela colaboradora do projecto, a realizadora e produtora angolana Sandra Saquita, que também participou no roteiro da peça.
Assim sendo, decidiram trazer um documentário que fala sobre a vida desta figura e dar a conhecer ao público e todos amantes do cinema nacional o percurso deste grande homem da literatura.
“À medida que pouco se sabe e se fala do grande escritor Óscar Ribas, ao ler ou investigar é que algumas pessoas conseguem obter conhecimento sobre esta figura proeminente. Por isso, decidimos exibir o documentário nesta edição do projecto para apreciação das crianças e dos mais jovens”, frisou.
A iniciativa
O porta-voz do Palácio de Ferro disse ainda que pretendem espelhar os feitos do escritor, o seu legado, através desta rubrica Cine Palácio de Ferro, criada no ano passado, aquando da implementação da agenda geral da instituição, que traz à tona conteúdos históricos do cinema nacional. Com um público variado, algumas sessões são voltadas às crianças, jovens e adultos.
Avançou que em Dezembro será reservada outras sessões de filmes infantis nacionais e internacionais, exclusivamente para as crianças. “Estas actividades variam, às vezes são apresentadas no fim-desemana e outras nos dias de semana, tal como vai acontecer agora.
Tudo acontece também em função do tipo de filme a ser exibido, dos objectivos que pretendemos alcançar e também do público-alvo. Neste ano, já vai na segunda temporada e na sexta edição, porque é uma rubrica que está sempre disponível. E em cada mês pode ser realizada duas a três vezes”, explicou.
Trajectória do escritor
Óscar Bento Ribas nasceu a 17 de Agosto de 1909 em Luanda e morreu a 19 de Junho de 2004, aos 99 anos de idade, filho de pai português, Arnaldo Gonçalves Ribas, e de mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria. Viveu também em Novo Redondo, actual Sumbe, Benguela, Ndalatando e Bié.
Foi escritor e etnólogo. O escritor foi também considerado fundador da ficção literária angolana. Óscar Ribas iniciou a sua actividade literária ainda como estudante do liceu, foi autor de grandes obras literárias como Uanga – Feitiço (romance folclórico, 1969), Ilundo – Espíritos e Ritos Angolanos (1958, 1975).
Neste percurso, ganhou o reconhecimento e foi destacado com várias nomeações, como Prémio Margaret Wrong (1955), Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1958), Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1962).