A decisão que põe fim a um processo que se arrastava desde 2019, ano da apresentação do projecto, que acabou por ser rejeitado em 2020 pelo Tribunal Constitucional, obrigando os seus proponentes a esperar por quatro anos para nova tentativa de legalização, foi recebida com uma vitória pelos membros da mais nova força partidária que entra na arena política nacional.
O porta-voz do Partido de Renascimento Angolano Juntos Por Angola (PRA-JA), Carlos Lucas, disse, na sua passagem pela cidade do Lubango, capital da província da Huíla, que a legalização da organização que representa constitui o virar de página da história política do país e, sobretudo, a reposição da legalidade, num processo que já teria o seu fim há muito tempo.
No seu entender, o que era “uma odisseia tornou-se uma epopeia”, para a alegria daqueles que viam o sonho de uma Angola mais democrática com a existência de um pluralismo de ideias que se materializa com a coabitação de diversas forças políticas.
PRA-JA vs FPU
Questionado se a referida anotação pelo Tribunal Constitucional pode significar o início do fim da Frente Patriótica Unida (FPU), justificou reiterando que tal facto não terá lugar, tendo em conta os objectivos deste projecto político. Por outro lado, o político, que também é secretário provincial do PRA-JA na província de Malanje, disse que o que pode ocorrer é o surgimento de uma coligação de facto, de acordo com as normas legais que regem o funcionamento dos partidos políticos.
“Estamos bastante felizes, porque estamos agora no fim de uma odisseia, a anotação do PRA-JA pelo Tribunal Constitucional não significa o fim da FPU, porque ela foi concebida para responder aos anseios dos angolanos, o que ainda não foi alcançado.
O que vai acontecer é estudarmos as melhores maneiras para se avançar para uma coligação de partidos políticos propriamente dita, de acordo com a Lei dos Partidos políticos”, informou. Relativamente ao partido Bloco Democrático, membro da Frente Patriótica Unida, o nosso interlocutor revelou que os líderes que compõem a FPU estão a estudar mecanismos para evitar que o mesmo seja extinto, por não ter concorrido por duas vezes consecutivas de forma independente nas últimas eleições.
O PRA-JA, que passou agora a partido político, foi apresentado à sociedade angolana em 2019, por Abel Chivukuvuku, que foi membro da UNITA, maior partido na oposição angolana, entre 1974 e 2012, altura em que as- sumiu a liderança da CASA-CE, uma coligação de partidos políticos que concorreu às eleições daquele mesmo ano, e na qual permaneceu até 2019.
O agora partido político integra a Frente Patriótica Unida (FPU), uma plataforma criada nas eleições gerais de 2022, liderada pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
POR:João Katombela, na Huíla