O futebol, estando fortemente presente na vida social dos angolanos, é visto como um fenómeno de massas que ultrapassa o campo de jogo. Neste sentido, a Seleção Nacional funciona como um elemento de união e orgulho nacional, contribuindo para a identidade dos angolanos.
Os grandes eventos desportivos são encarados como a maior plataforma para as demonstrações de identidade nacional e patriotismo no futebol. O Mundial de futebol 2006, disputado na Alemanha, não foi excepção, e a participação dos Palancas Negras foi das maiores manifestações de identidade nacional da história de Angola independente, pela transposição do futebol para a vida social, bem como a visualização desta modalidade como um fenómeno mediático, potenciado através dos órgãos de comunicação social, nestes grandes eventos desportivos.
A comunicação é, por isso, o elemento da gestão de uma organização desportiva que possibilita uma estruturação, divulgação e materialização mais eficaz dos seus objectivos, funções e produtos.
No entanto, nem sempre a comunicação das organizações desportivas consegue ser eficaz na prossecução deste objectivo. À semelhança do que acontece noutras organizações, a comunicação encontra muitos obstáculos como a falta de fluidez de mensagens, a falta de capacidade de expressão da mensagem ou a inadequação dos meios utilizados para garantir uma boa relação com a imprensa especializada.
O problema da eficácia da comunicação organizacional não se limita apenas à falta de reconhecimento da sua relevância, mas sim a problemas de administração e desempenho no limite dos padrões.
Assim, de entre os factores que podem contribuir para o insucesso da comunicação em organizações desportivas salientam-se dois: por um lado o aparente pouco investimento das organizações no domínio da comunicação e, por outro, a falta de especialização dos profissionais que a realizam.
Frequentemente, a comunicação nas organizações desportivas parece ser feita por profissionais não-especializados no domínio da comunicação. Não basta ser um bom jornalista ou especialista de marketing, para ser um bom comunicador.
Infelizmente, numa altura em que os Palancas Negras voltaram a dar alegrias aos angolanos, a área de comunicação da Federação Angolana de Futebol não tem sabido respeitar e valorizar o papel dos jornalistas no actual contexto.
Não basta ter gizado um programa de cobertura da imprensa, para os treinos da selecção nacional, é fundamental fazê-lo cumprir e encontrar alternativas fiáveis e civilizadas para os jornalistas fazerem o seu trabalho.
Como tenho dito, copiar o que é bem feito pelos outros não é crime, agora promover entrevistas de jogadores no parque de estacionamento do estádio é, no mínimo, regressar à idade da pedra.
Por: Luís Caetano