O evento de encerramento da iniciativa Desafio Genial, uma iniciativa de empreendedorismo que promove ideias inovadoras de jovens para os desafios que enfrentam no seu dia-a-dia e nas suas comunidades, aconteceu ontem, em Luanda, no Palácio de Ferro.
A iniciativa implementada em parceria com diferentes Departamentos Ministeriais e Institutos Nacionais, foi lançada em Março de 2024, tendo contado com a inscrição de mais de 500 jovens pertencentes a 171 equipas de 14 províncias.
O Viva Surdo, uma iniciativa dedicada a transformar a vida de homens e mulheres surdos e surdas, oferecendo cursos técnicos interpretados em áreas como electricidade, canalização, pastelaria, culinária, decoração, instalação de fios e climatização, entre outros, foi um dos vencedores.
O projecto, que tem as mãos dos jovens Armindo Manuel Vieira, Francisca Tximpi Quissassa, Cristina José Domingos e Milton Domingos Caquete Chissengue, busca quebrar barreiras e abrir caminhos para a autonomia e o empoderamento da comunidade surda.
“A nossa missão é proporcionar às pessoas surdas as ferramentas e o conhecimento necessário para que possam se inserir no mercado de trabalho e alcançar o auto-emprego.
Acreditamos que a inclusão deve ser prática e efectiva, por isso, oferecemos cursos adaptados e acessíveis, e apoiamos os nossos alunos com financiamento e a doação de ferramentas essenciais para que possam iniciar as suas próprias actividades profissionais”, sustentam.
A equipa é proveniente da província Luanda, formada por profissionais experientes e intérpretes comprometidos em criar um ambiente de aprendizado inclusivo e acolhedor, oferecendo suporte personalizado durante e após a formação.
Aplicativo para melhorar a mobilidade urbano
Outro projecto vencedor é Gray Star, uma iniciativa que visa melhorar a experiência de transporte público por meio da criação de um aplicativo inovador que rastreia autocarros em tempo real, desenvolvido pelos jovens Celton da Silva e Tírcio Barreiro.
A ideia é optimizar as viagens e tornar o transporte público mais eficiente, acessível e conveniente para todos. Os jovens dizem que a iniciativa oferece uma série de funcionalidades para melhorar a experiência dos usuários, através deste aplicativo que planeja rotas de maneira intuitiva, verifica a localização dos autocarros em tempo real e compra bilhetes online, agilizando o embarque e evitando filas.
“As notificações sobre atrasos, por exemplo, ajudam a manter os passageiros informados, permitindo um planeamento mais eficaz incluindo recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, proporcionando uma experiência de viagem mais tranquila e inclusiva”, sublinham.
A equipa por trás do Gray Star é proveniente da província Luanda e composta por jovens especialistas em tecnologia, transporte e design de interfaces, todos dedicados a criar uma solução que realmente atenda às necessidades dos passageiros.
Os jovens participantes apresentaram vários projectos relacionados ao desenvolvimento de competências dos jovens, oportunidades de formação para pessoas com deficiência e promoção sustentável do ambiente como fonte de renda. Das 171 equipas participantes 10 foram seleccionadas para um processo de capacitação e mentoria e 5 chegaram a final.
De acordo com o representante da UNICEF Angola, Antero de Pina, com a realização do Desafio Genial, Angola junta-se a mais de 40 países que promovem os jovens como agentes de mudança e investem no seu potencial. As projecções demográficas demonstram que até 2050 cerca de 35% dos adolescentes do mundo viverão no continente africano1.
Angola tem uma população bastante jovem, com dois terços da sua população abaixo dos 25 anos de idade. “Com um ritmo acelerado de crescimento demográfico o número de jovens angolanos que ingressam no mercado de trabalho aumenta a cada ano.
Sociedades que contam com uma estrutura demográfica jovem conseguem se beneficiar do facto de ter a maior parte da sua população no seu período de vida mais produtivo e de capitalizar o seu dividendo demográfico”, defende.
Considerando que cerca de 22% dos jovens não estudam, não trabalham nem recebem formação, este investimento precisa de ser feito especialmente na educação, segundo Antero de Pina, no desenvolvimento de competências e oportunidades de inserção laboral, com especial atenção para as raparigas, pessoas com deficiência e outras populações marginalizadas.