De entre outros constrangimentos, Zeferino Kuvíngua aponta o facto de os principais instrumentos de trabalho, os tablets, terem chegado muito tarde às mãos de recenseadores.
Declara que essa realidade, para além de Benguela, foi constatada em muitas províncias do sul do país, sobretudo naquelas controladas pela sua coordenação, nomeadamente Cuando Cubango, Cunene e Namibe.
Passados pouco mais de dez dias desde a abertura do processo por conta do qual o Governo espera distribuir melhor a riqueza nacional, Zeferino Kuvíngua sustenta, porém, que os constrangimentos elencados originaram atrasos na entrada em cena de grande parte dos recenseadores, de sorte que, decorridos vários dias, praticamente uma boa parte dos cidadãos, sobretudo em Benguela, ainda não tomou contacto com nenhum dos profissionais do Censo. “Nunca vi um agente do Censo na rua, em qualquer bairro ou em qualquer instituição. Nunca vi.
À partida, estamos assim”, disse, dando conta da existência de localidades em que se debatem ainda com problemas básicos – como de apuração de agentes, e cita, a título de exemplo, o município do Cubal.
“A selecção não é justa. Por não ser justa, houve tumulto”, denuncia o político opositor. Por essas e outras é que ele considera que os trinta dias – como projecção avançada pelas autoridades – não vão ser cumpridos, sugerindo ao Governo reflexão à volta disso.
Ele desconfia que, com esse estado de coisas, não se vai contar com todos os angolanos e avisa que a sociedade espera que o Governo produza, com o aludido processo, iniciado aos 19 dias de Setembro de 2024, dados com credibilidade comprovada.
“É difícil acreditar que vamos ter um censo que produza dados credíveis. É nossa ansiedade que tenhamos um censo com dados credíveis, porque queremos ser contabilizados para ajudar a desenhar as políticas”, sustentou Kuvíngua, em conferência de imprensa, em que não faltaram referências à divisão política e administrativa.
Entretanto, fontes do Instituto Nacional de Estatística já admitiram, à margem do lançamento do censo, no Lobito, a prorrogação da data, em função de uma série de constrangimentos registados ao longo do processo.
Oficialmente, segundo fontes deste jornal, tal como admitiu a direcção, são trinta dias pré-definidos, porém, acredita-se que vá haver mais censo para lá dos trinta dias.
BD diz-se preparado para divisão política e administrativa
Na mesma conferência de imprensa, a secretária provincial do Bloco Democrático, Cecília Singue, diz-se preparada para os novos desafios que a nova divisão política e administrativa vai impor, isso já a partir de 2025, que aumenta de 10 para 23 o número de municípios para a província de Benguela.
A secretária do BD garante que a sua formação está a criar condições para se instalar nas regiões que, em 2025, vão passar à categoria de município, mas assegura que a sua formação política tem militantes espalhados por toda a extensão da província.
Todavia, Singue critica a criação de mais municípios, com o argumento de que, com os dez já existentes, não se está a dar resposta cabal aos problemas sociais e, por isso, manifesta cepticismo em relação ao que pode vir a ser à gestão dos 23. “Com dez, Luís Nunes não consegue organizar, não sei o que vai fazer com 23. Benguela está uma confusão, mas vamos conseguir gerir”, remata.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela