“Ninguém poderia ter previsto que a Rússia se tornaria num Estado vassalo da China”, disse Applebaum em entrevista à Lusa a partir de Nova Iorque. Com uma economia enfraquecida e perda da qualidade de vida dos seus cidadãos, a Rússia acabou por se tornar “totalmente dependente da China para o seu comércio, componentes e recursos”, defendeu.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infra-estruturas ucranianas, ao passo que as forças de Ucrânia têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As contribuições chinesas no conflito europeu, adiantou Applebaum, traduzem-se no “fornecimento de componentes e peças que alimentam a indústria de defesa russa”.
Estes contributos são ainda reforçados com uma parceria na desinformação, área onde “os russos costumavam ter um grupo separado de operações”, mas onde estão agora “cada vez mais a trabalhar em conjunto com os chineses para transmitir mensagens semelhantes”, explicou Applebaum.
Autora do novo livro “Autocracia, Inc. – Os ditadores que querem governar o mundo”, Anne Applebaum é historiadora e jornalista norte-americana, vencedora do Prémio Pulitzer em 2004.