O relatório indica a criação de 76 mil novos empregos no início de 2024, sendo 97 mil postos formais, mas com uma redução de 22 mil empregos informais, a primeira queda expressiva registada neste sector.
Segundo o Cinvestec, essa redução abrupta do emprego informal não segue a lógica histórica do mercado angolano, que tradicionalmente se caracteriza por uma predominância da economia informal.
A simultânea queda da taxa de actividade, que desceu 2,8 pontos percentuais em áreas urbanas, e o crescimento significativo da taxa de emprego urbano, que subiu 6,8 pontos percentuais, são dados que não parecem compatíveis com o número limitado de postos de trabalho criados.
Além disso, a discrepância entre os dados urbanos e rurais também suscita dúvidas para os analistas do Cinvestec. Enquanto a taxa de emprego urbano teve um aumento considerável, a taxa de emprego rural caiu drasticamente, de 76,2% para 61,8%. A taxa de desemprego rural, que no final de 2023 era de 11,4%, subiu para 32,4%, o mesmo valor registado nas áreas urbanas.
“Esses dados não reflectem a realidade do mercado rural, onde a maioria dos trabalhadores está envolvida em actividades agrícolas familiares”, observa o relatório. Outro ponto de preocupação dos especialistas é a taxa de informalidade.
Nas zonas urbanas, o emprego informal aumentou para 74,6%, contradizendo o suposto crescimento do emprego formal. No entanto, no meio rural, onde a informalidade sempre foi a norma, a taxa caiu de 95,5% para 89,0%, o que também não parece coerente com as condições reais.
Falta de consistência nos dados
Para o Cinvestec, a falta de consistência nos dados sugere que houve uma possível reclassificação dos critérios de emprego ou erros na colecta de informações, tornando difícil uma análise clara e objectiva da situação actual.
A crise no mundo rural, marcada pela falta de mercados e recursos para estimular a produção agrícola, continua a ser um dos maiores entraves para a recuperação económica do país.
“Embora a taxa de emprego formal tenha crescido ligeiramente, o cenário geral do emprego em Angola permanece grave, com uma elevada taxa de informalidade e condições de trabalho precárias, tanto nas zonas urbanas quanto nas rurais”, conclui o relatório.