O académico sustenta que, nos dias que correm, a juventude prefere o activismo social à política, tendo as plataformas digitais como os palcos por via das quais vertem dias sobre a realidade do país.
Ele refere que há necessidade de emergir, assim sendo, uma força política capaz de assumir a responsabilidade de atrair os jovens para si.
Deste modo, chamado atenção que, na qualidade de partido-Estado, o MPLA devia trabalhar, no sentido procurar formas de inverter o quadro, no sentido de continuar a promover valores patrióticos, na perspectiva de a juventude o encarar como guia.
Para ele, é inevitável – tarde ou cedo – a juventude há-de assumir o destino do país, mas António Carvalho apela para uma certa cautela e que se obedeça a processos.
Porém, apesar disso, diz que não colhe a afirmação, atribuída a alguns mais-velhos, de que a juventude não está tão preparada para assumir determinados grandes desafios. “Porque não existe nenhum país que se desenvolveu fora do paradigma político.
A política é o sangue que corre na veia do indivíduo, o Estado é o cérebro, é o órgão coordenador”, sustenta, para quem a juventude ajuda na aceleração do progresso do país.
De modo que, segundo diz, os partidos políticos precisam de formar e esclarecer a juventude sobre os caminhos a percorrer para o progresso do país, na perspectiva de essa franja exonerarse de acções que não são abonatórias.
“Este país é de todos, não é dos partidos políticos”, avisa. No seu livro «Promessa Campanha: Um guia sobre a participação política da juventude», de 280 páginas, o autor, que não avança data para a sua publicação, sugere que se socorra de múltiplas acções para a resolução de problemas do país, não se atendo apenas a um único paradigma. Agindo desse modo, evitar-se-ão várias «complicações» de ordem social.
“E eu trago como precisão esses problemas futuros, se não olharmos para a participação política como prioridade, para que a juventude possa se emergir do ponto de vista social, político e económico do nosso país”, resume.
Neste sentido, o sociólogo tem no orçamento participativo um grande passo dado pelo Governo, visando levar a população a participar nos assuntos da sua comunidade, porém sugere mais publicitação dessas acções do Estado, a fim de que se possa perceber o interesse da juventude pelo país.
Na obra, o autor quer, objectivamente, analisar, com base em factos vivenciados, os valores patrióticos e democráticos que as eleições de 1992, 2008, 2017 e 2022 trouxeram para a juventude angolana, acreditando que a sua obra pode vir a ser um guia de participação política para os jovens.
“Porque não há ninguém que ensine que, em 1992, o processo eleitoral foi assim. Porquê? Porque ninguém está preocupado, ninguém ensina isso nas escolas”, reprova, ao sinalizar que, com a obra, pretende, igualmente, analisar o comportamento do candidato político antes e depois das eleições.
“Eu vou trazer isso como matéria de discussão”, acrescentando que, de entre outras matérias, o livro traz uma perspectiva temática relativa aos tipos de votos existentes, com destaque para os de qualidade e de massa. “Tudo isso para sedimentar a cidadania”, considera o sociólogo, que, para além da «Campanha Promessa», tem outras obras no mercado.
Carvalho lamenta o facto de, nos dias que correm, haver um défice acentuado no que ao patriotismo diz respeito, daí, segundo defende, ser necessário que os políticos trabalhem para se infundir alguns valores.
Frisou que a juventude está sem modelo, porquanto alguns mais-velhos têm adoptado comportamento reprovável – a todos os títulos – socialmente falando.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela