Mais um dia e termina o mês dedicado a Neto: Setembro. O poeta maior, herói nacional e o primeiro Presidente da República de Angola.
Títulos estes que muitos procuram menosprezar, mas verdade seja dita alguns dos quais impossíveis de serem substituídos por um outro cidadão angolano. Lembrei-me de Neto por conta de uma das suas máximas que hoje se procura concretizar: ‘a agricultura é a base e a indústria do factor decisivo’.
Porém, só se chega à indústria havendo produtos, aqui no caso agrícolas, para que possamos nos tornar num país completamente industrializado.
Embora ainda se deseje muito mais, isto é, por parte do Orçamento Geral de Estado (OGE), nos últimos tempos, tem-se assistido a um aumento exponencial de verbas para a agricultura.
Não é, como já frisamos algumas vezes aqui neste espaço, qualquer sacrilégio dizer que nunca se investiu tanto na agricultura como nos últimos 10 anos.
Ainda assim, espera-se muito. Se se acrescesse mais 4 aos 6 por cento que se atribui à agricultura, talvez obtivéssemos resultados diferentes que nos possam garantir segurança alimentar e tornar Angola num país exportador.
Há dias, pus-me a estudar os principais países exportadores de produtos agropecuários no mundo, numa lista de mais de 20, e conseguimos divisar entre eles muitos países que nem sequer possuem as condições que Angola possui. Tanto a nível de terra como sobretudo o acesso à água, que é um facto determinante.
Claramente, a nível da produção de grãos, como arroz, trigo, feijão e outros, vemos um forte ascendente de países europeus, asiáticos e até americanos, não havendo até quase muita concorrência a nível de África.
Porém, quando se vai para hortícolas, leguminosas, café, algodão e outros produtos como frutas, surgem na lista, embora de forma ténue, alguns países africanos como o Egipto, Marroco, Sudão, Mali e outros.
O Tchad de que muitos se riam por conta do gado que enviara a Angola, como pagamento de uma dívida, está entre os países que mais exportam gado no mundo. E o Mali, com todos os problemas, está entre os maiores produtores de manga do mundo.
Olhando para a geografia de alguns destes países, podemos concluir que temos, sim, condições para que se faça muito mais.
Mas não se trata só de os políticos, através do Executivo, alocarem mais verbas, mas sobretudo de os cidadãos e os empresários verem na agricultura uma verdadeira oportunidade de realização e de negócios.
Afinal, é sim possível a premissa de Neto, transformando a agricultura na verdadeira base para se alavancar a nossa economia, concretizando a almejada diversificação económica. As condições mínimas sempre estiveram à disposição