Eu amo o desporto. E o futebol tem sido aquela praia em que vou mergulhando, mesmo fora dos campos, por ser uma actividade apaixonante e extremamente envolvente.
Nas vitórias e derrotas, é comum, depois de algum tempo, ver os adversários de mãos dadas quando estiver em questão qualquer outra situação de interesse comum.
Que o digam as goleadas que muitos levam, mas nem por isso pais, mães, filhos, irmãos, primos e conhecidos ficam de costas viradas por longos anos. Depois de algum tempo, os dissabores e sabores das derrotas acabam diluídos. Não abomino a política.
É impossível virar-se-lhe as costas.É uma actividade apaixonante igualmente e extremamente envolvente. Por mais que não se queira envolver nela, há sempre algo que nos arrasta. Querendo ou não.
Afinal, as nossas vidas, sociais, económicas e demais, estão dependentes dela, a política, sobretudo das medidas tomadas por políticos e daquilo que demonstram no dia- a-dia.
Mas aqui, contrariamente ao desporto, são poucos os casos em que as animosidades se transformam em amizades, os ódios em amores ou desacordos em acordos. Muitas vezes, nem mesmo quando o interesse comum está em causa, acaba por influenciar por conta das intransigências.
Nas democracias mais consolidadas, como aquelas já seculares, muitas das quais na Europa e outras na América, ainda são visíveis resquícios destes comportamentos em cidadãos ou grupos que se identificam com determina- das forças políticas, seja melas dominantes ou dominadas.
Em África, continente em que a maioria das independências ocorreu nas décadas de 60 e 70, e as democracias acabaram por ocorrer posteriormente, os sinais de desacordos e animosidades políticas são cada vez mais prementes, empurrando-se o interesse comum para o segundo plano, porque para muitos a satisfação dos seus egos prevalece, assim como a realização do sonho que passa pela manutenção ou tomada do poder.
Em situações normais, a vinda de qualquer Presidente da República a um determinado país seria motivo de regozijo, porque são expedientes que permitem – por mais que se tente pintar o contrário – alavancar a relação entre os Estados, permitindo com isso a melhoria de outras relações, entre as quais as empresariais, que, por sua vez, se repercutem na criação de mais postos de emprego, comércio e estabilização das condições de vida dos cidadãos.
O comportamento que se vai observando em determina- dos sectores da sociedade civil e da oposição política nos últimos dias, com o advento da vinda de Joe Biden, chega em determinados momentos a ser patológico.
Já se viu o mesmo quando o Presidente da República, João Lourenço, foi recebido na Casa Branca, de onde certamente resultaram negócios e investimentos que hoje vão influenciando directa ou indirectamente na vida de muitos angolanos.
Quem trabalha no corredor do Lobito saberá disso!!! Agora, o coro está em menosprezar a vinda do líder da maior potência do mundo, passando-se a ideia de que se trata de uma figura qualquer, o que não é verdade.
Mas, se muitos forem convidados para um encontro com Presidente norte-americano, não será sacrilégio nenhum garantir já que veremos muitos deles à busca de uma fotografia para emoldurarem e postarem nas suas vidas para a posteridade.