O responsável, que falava na conferência de coordenação do Corredor do Lobito, sinaliza que, por via da iniciativa «Power África», os norte-americanos mobilizam recursos financeiros públicos e privados para duplicar o acesso à electricidade na África Subsaariana.
Os Estados Unidos têm no aliviar do congestionamento nas rotas sul, como Durban, África do Sul, e Beira, Moçambique, um dos objectivos do Corredor do Lobito, por considerá-lo vital para o transporte de minerais da República Democrática do Congo para o Porto do Lobito, aumentando a sua importância nas cadeias de abastecimento e no comércio internacional.
Para que o aludido corredor seja eficaz, o representante da USAID, William Butterfield, sugere que essa não se transforme apenas em infra-estrutura de exportação de minerais, criando dependência de extracção de recursos, mas que deve apoiar também a diversificação da economia de Angola, investindo na agricultura, serviços e energia limpa.
“O desenvolvimento do Corredor do Lobito deve envolver não apenas o sector privado, mas também a sociedade civil angolana, garantindo que todos os investimentos atendam a normas ambientais e sociais”, adverte o dirigente, ao assegurar que o modelo adoptado de financiamento se vai diferenciar daqueles que deixaram muitos países africanos com infra-estruturas de qualidade baixa e «endividamento excessivo».
Nesta perspectiva, os Estados Unidos reconhecem que a construção de infra-estrutura pode gerar preocupações ambientais, daí o responsável ter admitido um investimento de 3,5 milhões de dólares para apoiar organizações locais em Angola, na perspectiva de garantir que os processos sejam justos e responsáveis.
A USAID, deu nota William Butterfield, ajudará, igualmente, a melhorar as capacidades de auditoria do governo, de modo a minimizar «fraudes e abusos».
Financiamentos
Segundo ele, priorizar-se-á o transporte ferroviário mais eficiente, em termos de combustível, podendo, desta feita, produzir a “pegada de carbono do desenvolvimento na África. Recentemente, a Cooperação de Financiamento do Desenvolvimento dos Estados Unidos da América aprovou 553 milhões de dólares para o Corredor Ferroviário Atlântico, e o Banco de Importação-Exportação dos Estados Unidos concedeu um histórico empréstimo de 1,6 bilião de dólares para apoiar 65 mini-redes de energia solar em quatro províncias de Angola”, revela.
O responsável americano, que interveio na sessão de abertura da conferência, considera o caminho ferroviário atlântico, no caso o CFB, um dos mais importantes projectos de infra-estrutura de transporte que os EUA apoiaram em África em uma geração, sustentando que esse facto fortalecerá o comércio e o crescimento regional e, por conseguinte, avançará a visão comum de criar uma rede ferroviária interligada do oceano atlântico ao índico.
Foi a pensar no desenvolvimento dos sectores da mineração, agricultura, saúde e transportes no projecto do Corredor do Lobito que a Embaixada dos Estados Unidos em Angola, por via da iniciativa “Power África”, promoveu uma conferência, visando colaborar e alinhar recursos para impulsionar projectos estratégicos.
Em síntese, o evento quis juntar o sector privado, na qualidade de parceiros doadores, para elaborar um plano de investimento privado, de modo a proporcionar o tão esperado desenvolvimento no aludido corredor.
EUA não descartam mini-hídricas
O director-adjunto da iniciativa Power África, Ted Laurence, explicou, em declarações à imprensa, à margem do certame, que a sua instituição vai trazer a Angola vários projectos, tendo garantido a elaboração de um estudo de suporte para se determinar as zonas em que se vai começar. “Então não se pode dar ainda muito detalhe, porque é algo que está em análise ainda.
Nós próximos dois dias, vamos apresentar resultados mais visíveis daquilo que tem sido os estudos e análises aqui, no corredor do Lobito”, resume o responsável. Ele ressalta que, para além das energias renováveis, para cujo processo estão já anunciados milhões de dólares, o projecto vai reservar, igualmente, espaços para a construção de barragens e mini-hídricas, na base de um programa de electrificação ao longo do Corredor do Lobito.
“Como sabemos, nós cá, em Benguela, temos várias zonas que podem ser exploradas para podermos obter energia. Portanto, não vamos excluir nenhum daqueles que nos oferece possibilidades de realizar o nosso projecto’’, esclarece.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela