Escrita e encenada por Adelino Caracol, a peça retrata a história da jovem Paula, que casa com Mauro, um jovem da classe média e que não é aceite pela sogra, Dona Mariana, por não pertencer à classe alta nem possuir avultados bens materiais e financeiros.
Insatisfeita com a escolha da filha, dona Mariana faz de tudo para destruir o lar da filha e separá-la do marido que vive debaixo do tecto da casa que a filha herdou do seu falecido pai, e que considera “uma desgraça” para aquilo que perspectivou para o futuro da sua amada princesa Paula e para os seus netos.
Por sua vez, vivendo um “inferno” em casa que pertencia ao falecido marido de sua sogra, Mauro procura forma de se desfazer da sogra a todo o custo, colocando-a, inclusive, em risco de vida por várias circunstâncias só para ter algum alívio e viver “em paz” com sua esposa e filhos.
Uma disputa entre o amor, inveja, desprezo, raiva e descontentamentos, Paula luta para encontrar um meio-termo para que a mãe e o esposo consigam coabitar sem conflitos, o que, no final das contas, acaba por ser um fracasso após tantas tentativas.
Entre o amor materno e a felicidade do lar, Paula vê-se obrigada a ter de escolher apenas um. Com a duração de uma hora e 20 minutos, a peça, de acordo com director do grupo, Adelino Caracol, é contracenada por oito actores, entre os quais se destacam David Enoque, José Galiano, Joana Virgínia, Catarina André e Rafaela Geoveth.
Reflexão sobre os fenómenos familiares
A exibição da peça, segundo explica o actor e encenador, tem como objectivo fundamental, além de entreter o público, convidá-los a uma reflexão profunda sobre os fenómenos que muitas famílias vivenciam, sobretudo os casais jovens, quando convivem no mesmo tecto sogras e noras ou genros e sogras e vice-versa.
Adelino Caracol explica que esta convivência, quando não é bem gerida por ambas as partes, torna-se tóxica e agressiva, capaz de destruir o lar do casal e colocar em risco de divisão famílias que se unem pelo laço matrimonial ou maritalmente. “Como actores, nós temos esta preocupação de dar o nosso contributo social para ajudar naquilo que a sociedade carece.
Nesta peça, alertamos às famílias no intuito de poderem ponderar e analisar profundamente essas relações que podem causar problemas penosos no seio familiar”, afirmou o actor.
Realçou que, por outro lado, a exibição das mesmas peças regularmente deve-se ao pedido do público que tem solicitado a partir das páginas das redes sociais do grupo, assim como também uma forma de o colectivo fidelizar o seu público e fortalecer o seu posicionamento no mercado teatral nacional.
Preparação do 38.º aniversário
Em véspera de celebrar o 38.º aniversário do grupo a se assinalar já no dia 8 de Outubro próximo, o conjunto está a preparar um leque de actividades, entre as quais exibições de peças exclusivas, actividades recreativas e workshops sobre encenação e direcção artística em teatro.
O responsável fez saber que, dentro de alguns dias, o grupo vai disponibilizar o programa das acções celebrativas, que poderão acontecer em diferentes palcos de Luanda.
Avançou que o grupo está a preparar uma peça teatral que se vai estrear no dia do aniversário, marcando assim o início das comemorações natalícias do conjunto formado em 1986.
Historial do Grupo
Tido como um dos mais antigos e prestigiados grupos teatrais de Angola, o Horizonte Njinga Mbande tem vindo a apostar cada vez mais no desenvolvimento das artes cénicas, através da realização de sessões formativas nas áreas de actores, encenadores e técnicos especializados nas áreas que dizem respeito ao teatro.
Tem ainda procurado contribuir activamente na consciencialização moral, social e cultural dos jovens luandenses, promovendo palestras, workshops, debates e iniciativas que ajudam a estimular o talento artístico.
O Horizonte Njinga Mbande foi fundado a 8 de Outubro de 1986, por Adelino dos Santos Caracol e Ezequiel Issequiel, em Luanda. Sediada no interior da escola Njinga Mbande, a companhia teatral é constituída por professores e estudantes dos diferentes níveis de ensino subdivididos em três escalões (seniores, juniores e infantis), tendo como actividades principais o teatro, a dança, a música, o desenho e a pintura.