A II edição da “Semana literária”, que teve como foco a vida e obra do Fundador da Nação, António Agostinho Neto, juntou mais de 40 participantes no jardim da Administração Municipal de Viana, em saudação ao dia do seu nascimento, 17 de Setembro, assinalado ontem
Durante o evento, iniciado a 12 do corrente mês, houve a exposição de materiais artesanais, livros com temas científicos, académicos, religiosos, investigativos, infantis, com a participação de cidadãos provenientes dos vários municípios da cidade capital.
Terminada ontem, 17, várias acções culturais como declamação de poemas, que constam das obras do poeta maior, apresentação de grupos de dança, música, entre outros, também tiveram espaço na “Semana Literária” que visou celebrar o Dia do Herói Nacional.
A exposição, segundo a organização, esteve aberta no período das 8 às 16 horas, seguindo-se o momento cultural, com as várias actividades artísticas e culturais ora mencionadas e outros atractivos que decorreram até às 20 horas, com a adesão de um número considerável da população.
Da Livraria Irmãs Paulinas, Domingos Lourenço disse que para esta actividade apresentou 100 livros, maioritariamente de autores nacionais, desde evangélicos, culturais, académicos, com os quais pretenderam despertar o gosto pela leitura aos jovens, crianças e adultos ali presentes.
“Porque quem lê um livro já não é a mesma pessoa. Este é um dos slogans da instituição a que pertenço. E a congregação acima referida tem este foco: aposta na instrução, na sua biblioteca, só são permitidos a apresentação de bons livros, que ajudam no crescimento espiritual e social do ser humano”, esclareceu.
Domingos referiu que a presente livraria é uma instituição religiosa que tem como objectivo principal anunciar o evangelho através da cultura. De igual modo, anunciar o evangelho com os meios de comunicação, como os livros, CD, realização de palestras, entre outros meios.
O trabalho com autores nacionais, disse, tem como meta divulgar e desenvolver cada vez mais a cultura local. Por seu turno, Teresa Dala, representante da livraria Alfarrabista Silas e Nzage, faz-se acompanhar com todo tipo de livros, de autores nacionais e estrangeiros, o que perfez 600 disponíveis para aquisição dos cidadãos, dentre as quais as do Herói Nacional.
“A exposição correu muito bem, vendi alguns livros, teve muita concorrência. Os livros estiveram disponíveis a toda população que gosta de uma boa leitura. A comunidade em geral participou do evento, na compra de livros e outros produtos que estiveram disponíveis e desfrutaram da actividade”, disse, com alegria.
Iniciativa enaltecida
Despertado pela movimentação do Jardim de Viana, o cidadão João Machado considerou boa a iniciativa, com um valor extremamente importante, por permitir o convívio entre crianças, jovens, adultos, possibilitando maior transmissão e partilha de conhecimentos.
De acordo com um mais velho de 56 anos de idade, falar de Agostinho Neto implica reflectir sobre o primeiro homem que aparece a favor das políticas sociais e económicas que o povo angolano necessitava, visto como o mentor das vitórias que o país conseguiu alcançar.
“Onde há literatura, há documentos que reportam um determinado conhecimento, e isto desenvolve o poder cognitivo da juventude. A juventude, quando tem o hábito de leitura, tem maior percepção das políticas que o país ou o meio geográfico emana”, frisou
Celebrar o dia do Herói Nacional
Um dos grandes objectivos da actividade, segundo o técnico da direcção de Turismo e Cultura da Administração municipal de Viana, Gabriel Vicente, é de lembrar os feitos de Agostinho Neto, desde a sua escrita em poemas, contos, poesias, e chamar a atenção dos jovens para uma boa leitura.
“Nós, a direcção de Turismo e Cultura, realizamos a Semana Literária com o objectivo de incentivar os jovens, crianças e adultos a terem mais conhecimento sobre aquele que foi o percurso do Poeta Maior, deste modo levar também iniciativas que visam incentivar o gosto pela leitura no seio de toda a comunidade”, referiu.
Avançou que a Administração Municipal, todos os anos, tem uma agenda com relação ao mês de Setembro, pelo nascimento do Herói Nacional, fundador da nação, nacionalista, médico, poeta maior, entre outras dimensões que o caracterizam como um grande homem.
“O Jardim da Administração local apresentou uma moldura humana massiva, preenchida por cidadãos provenientes de vários pontos da cidade capital e não só, que decidiram participar e celebrar o dia do Herói Nacional, Agostinho Neto, que se assinalou ontem, 17 de Setembro”, disse, com entusiasmo.
O responsável realçou que o convite para os expositores, assim como para os visitantes, foi extensivo a todos os munícipes de Viana e não só, desde crianças, jovens e adultos, para aquisição de livros com preços que considerou acessível a todos os bolsos, também com livros para leitura de forma gratuita.
O Poeta Maior
O primeiro Presidente da então República Popular de Angola faleceu em Moscovo, na Ex-União Soviética, após complicações de saúde, num momento de grande dor e consternação para o povo angolano, que o tem como Herói Nacional, símbolo da resistência contra a opressão colonial e líder da construção de uma Nação independente e do Homem Novo.
Nascido aos 17 de Setembro de 1922, em Icolo e Bengo, Agostinho Neto destacou-se como poeta, médico e político. Foi em Lisboa onde se formou, e desde muito cedo esteve envolvido em movimentos anticoloniais, o que o levou a ser preso e exilado pelas autoridades portuguesas por diversas vezes.
Entretanto, o legado de Agostinho Neto continua a ser celebra- do em toda Angola, principalmente pelo contributo para a independência e o seu trabalho como intelectual e poeta. O falecimento, há poucos dias da data do aniversário, fez eternizar o 17 de Setembro como o Dia do Herói Nacional em Angola, em honra à memória e às contribuições para a libertação e construção desta Nação.
O legado de Neto vai além da política, sendo também lembrado como um poeta que, por meio das palavras, transmitiu a dor da colonização e a luta pela liberdade, valendo, por isso, realçar a vasta obra literária, na qual denuncia a opressão colonial e reflecte a angolanidade, o sofrimento e a esperança do povo africano pela soberania.
O ano de 1979 marcou o fim de uma era e o início de um novo capítulo para Angola. O pensamento, no entanto, de Agostinho Neto permanece vivo, sendo comemorado todos os anos o 17 de Setembro como Dia do Herói Nacional, porque Neto continua a ser uma fonte de inspiração para as gerações de angola- nos, por tudo o que realizou, quer na luta política quer na literatura.