A direcção municipal da educação no Quipungo garante que o assunto é do domínio das autoridades, que o encaram com alguma preocupação, uma vez que as aulas referentes ao ano lectivo 2024/2025 já tiveram o seu início em todo o país
Sem revelar o número de crianças que trocam as salas de aulas pela colheita e venda de frtos silvestres, o director municipal da educação, Américo de Jesus, disse que a situação deve-se à vulnerabilidade em que se encontram muitas famílias no município do Quipungo, e a deficiente cobertura do programa de fornecimento de merenda escolar.
Segundo o responsável, a merenda escolar, que deveria servir para combater o absentismo no seio dos alunos, abrange apenas 5 escolas, de um universo de 168, mas também os preços da cesta básica contribuem para que esta não chegue em todas as escolas.
Por outro lado, o responsável informou que as crianças que se dedicam a estas práticas, em todo o município de Quipungo, são orientadas pelos próprios progenitores, no entanto, já se trabalha no sentido de se mitigar os efeitos desta prática.
“Nós olhamos para esta situação com uma preocupação grande, porque estamos a ver que já não são os adultos que se dedicam nestas práticas, são as crianças em idade escolar”, sustenta.
Acredita que isso se deve às condições de vida que estão cada vez mais difíceis para as famílias. “Nós estamos a trabalhar na sensibilização dos pais e encarregados de educação, no sentido de eles olharem para o valor da for- mação dos seus educandos”, afirmou.
Para o fornecimento da merenda escolar, as administrações municipais disponibilizam 3.000.000,00 de Kwanzas, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PDLCP), em todo o território nacional.
Américo de Jesus disse que o valor ainda é irrisório, tendo em conta os preços da cesta básica no mercado e o número de alunos que precisam desta assistência. Para contrapor o problema, o gestor defende que este valor seja revisto.
Época chuvosa pode agudizar abandono escolar
A rede escolar no município de Quipungo está composta por 168 escolas do ensino primário, primeiro e segundo ciclos do ensino secundário, distribuídas em todas as comunas daquela municipalidade da província da Huíla.
Grande parte destas escolas, de acordo com Américo de Jesus, funcionam por baixo das árvores. Com o aproximar da época chuvosa, o abandono escolar no seio dos alunos matriculados para o presente ano lectivo poderá agudizar-se, apesar de a chuva cair de forma intermitente.
“Nós temos cerca de 73 escolas principais, destas, 25 são de construção definitiva, as demais são improvisadas em igrejas e muitas funcionam por baixo das árvores. Vem aí a época chuvosa, e é complicado, porque os alunos não podem ter aulas, as aulas são interrompidas por causa das chuvas”, disse.