Os dois partidos na oposição sustentam que, até à presente data, aguardam por um esclarecimento do governador de Benguela, Luís Nunes, sobre a forma como estão a ser gastos os 415 milhões de euros, um financiamento britânico para o Plano Integrado Emergencial. O Governo, porém, diz-se focado na garantia do bem- estar social
Recentemente, num acto político de massas, na Catumbela, o secretário provincial da UNITA, Avelino Kanjamba, colocou acento tónico na transparência em relação à forma como têm sido aplicados os 415 milhões de euros, no âmbito do Plano Integrado Emergencial nos municípios do litoral.
O aludido instrumento de gestão tem servido de mote para o governo local, que diz estar a mudar, com a sua execução, a imagem de Benguela «para melhor», por via de reabilitação de várias infra-estruturas que se achavam degradadas e/ou inexistentes, com destaque para a construção do mercado do Chapanguele, reabilitações do Museu Nacional de Arqueologia e dos cines Monumental, em Benguela, e Flamingo, no Lobito.
Entretanto, num breve contacto com este jornal, o político do maior partido na oposição considerou inconcebível o facto de o governador, na base de pressupostos da transparência na gestão da coisa pública, não informar o conselho de auscultação sobre os meandros do processo, de modo a explicar se já tem a totalidade do dinheiro ou dispõe de apenas 15 por cento, como o próprio admitiu, há meses, em declarações à imprensa, na comuna do Dombe-Grande, na Baía-Farta.
Em virtude disso, o secretário do Galo Negro acusa o Governo de falta de transparência na execução dos valores. Kanjamba é, sim, a favor das obras em curso, todavia defende a necessidade de as autoridades locais definirem também projectos paralelos a esse, cujo fito fosse responder à questão relativa à fome dos cidadãos nas comunidades.
“Vamos sentindo, nas comunidades, que a fome está a voltar a criar problemas enormes numa província que diz estar a consumir as verbas para as obras emergenciais. Então, não é possível ao lado dessas obras encontrarmos um plano de intervenção, no âmbito de produtos da cesta básica?”, pergunta.
De acordo com o político, o seu partido nota claramente uma certa desaceleração das obras e esperava, à partida, uma explicação tendente a elucidar os cidadãos sobre o que efectivamente se passa.
“Nós há pouco tempo acompanhamos as obras na via do Hospital (Geral de Benguela) e está a ser intervencionada, mas aqui mesmo, na via da Maxi, há uma outra que rebentou e que está a verter água para a rua. E são obras recentes”, lamenta Kanjamba.
Bloco Democrático
Tal como Avelino Kanjamba, da UNITA, o Bloco Democrático (BD), por via do seu coordenador da região sul, que corresponde às províncias de Benguela, Cunene e Namibe, Zeferino Kuvíngua, reclama de pouca informação relativamente ao projecto em execução, um facto que, do seu ponto de vista, belisca a transparência na gestão da coisa pública.
Esse coordenador diz que a sua formação política não foi bem-sucedida quando solicitou ao Governo Provincial de Benguela esclarecimentos a respeito. “Nós já batemos à porta ao governador para nos explicar e até aqui não nos dizem nada.
Mas sabemos que o dinheiro existe e o Governo é que gere. Cabe dizer como é que tem gastado”, avisa o político, ao acrescentar que a sua agremiação pretende apenas se inteirar da forma como esse financiamento está a ser gerido.
“Nós, enquanto oposição e angolanos, gostaríamos de saber em que pé está a execução dos 415 milhões de euros e não nos dizem nada. Benguela, quando chove, fica muito mal, então queremos saber como é que ficam algumas obras?”, questiona.
Governo focado nas obras
Enquanto os políticos na oposição se queixam de uma alegada falta de informação, as obras continuam, sendo certo que, tal como reconhecem as autoridades, não no ritmo desejado, porquanto os orçamentos não têm sido desbloqueados como previsto.
Apesar de constrangimentos de ordem financeira, o Governo assegura que, até ao fecho do ano, alguns equipamentos sociais vão ser entregues à população, tal é o caso, por exemplo, do mercado do Chapanguele.
O vice-governador para o sector Técnico e Infra-estruturas, Adilson Delany Gonçalves, garantiu, em declarações à rádio Benguela, que, por ora, tudo concorre para que o mercado informal seja entregue entre Novembro e Dezembro deste ano, para além de outras infra-estruturas.
O governante sinaliza, igualmente, que a via da Masmorra ao Coringe, recentemente aberta, aguarda por sinalização no pavimento. Recorde-se que o Plano Integrado Emergencial de Benguela, com término previsto para 2027, começou a ser executado em 2022 e conta com 415 milhões de euros como orçamento global, cuja empreitada cabe à empresa britânica ASGC, ao lado da Omatapalo.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela