A estada do barco-hospital em Angola, durante uma semana, enquadra-se num plano de visita ou passagem por 13 países, que incluem os africanos, como Ilhas Seychelles, Tanzânia, Madagáscar, Moçambique, África do Sul, República do Congo e Angola, além de Camarões, Benin, Mauritânia e Djibuti
Um oficial da marinha chinesa, que na manhã de quarta-feira, 4, dirigiu a visita guiada no navio-hospital Arca da Paz, revelou que o público não será atendido na referida embarcação, mas, sim, nos hospitais públicos, para onde os médicos chineses serão encaminhados, durante sete dias.
“Hoje, as consultas estão reservadas à comunidade chinesa aqui presente, sendo que, a partir de amanhã, os nossos médicos estarão nos hospitais estatais, para atender o público em geral”, disse o oficial, na língua da sua nação, que era prontamente traduzida pelo seu conterrâneo Mário.
O guia adiantou que as consultas no navio-hospital Arca da Paz estão reservadas ao pessoal de algumas instituições, já cadastradas, de modo a se evitarem violações contra alguns limites próprios de espaços como um porto.
Quanto aos especialistas disponíveis para prestarem serviços públicos, o representante da embarcação da marinha de guerra chinesa garantiu que a oferta é preenchida pelos serviços mais procurados, designadamente medicina geral, interna e externa, cirurgia, obstetrícia-genecologia, estomatologia, pediatria e ortopedia, além de cuidados intensivos, bem como de oftalmologia, cardiologia, odontologia, secção de queimados, curativos e triagem.
Aliás, a visita aos sectores das áreas de saúde referenciadas confirmou isso mesmo, saltando à vista a disponibilização de meios tecnológicos de alta qualidade e de médicos qualificados, como fez questão de certificar o guia, na presença dos referidos quadros, em cada secção visitada.
O navio-hospital
Arca da Paz é uma plataforma marítima de apoio médico e de emergência concebido e construído pela própria China, que se responsabiliza por cuidados médicos e pela transferência de doentes e feridos, no mar, em tempo de guerra.
Para sustentar a capacidade de evacuação, o navio contemplou uma área de saída de emergência, onde estão disponíveis mais de 10 capsulas ou botes de salvamento, podendo cada uma albergar mais de 30 indivíduos.
Neste capítulo, o Arca da Paz conta com uma placa de aterrizagem de helicóptero, através da qual este meio pode embarcar e desembarcar pacientes. Aliás, o barco dispõe de um helicóptero-ambulância, apetrechado para consultas e tratamentos.
Dois partos a bordo marcam médicos
Antes de atracar oficialmente no Porto de Luanda (Angola), entre as 9h:38 e às 10h:04, o navio-hospital chinês Arca da Paz passou por alguns países africanos, com destaque para Tanzânia e Moçambique.
Porque foi nessas duas regiões onde os obstetras e ginecologistas, a bordo, dizem ter vivido duas experiências que consideram marcantes, já que realizaram dois partos. Os mesmos mostraram-se expectantes para terem uma experiência do género, em Angola, com algumas mulheres entre o pessoal cadastrado e certas instituições.
Mãe e filho com sorte desviada
Por orientação de uma médica que os tem atendido, Dona Rosa e seu filho Dandi, de 18 anos de idade, estavam no Porto de Luanda na manhã de ontem, para acederem ao navio-hospital Arca da Paz, com a intenção de realizar consultas oftalmológicas.
Afinal, Dandi queixa-se de problemas de visão, sobretudo do olho esquerdo, o qual disse ter sido atingida por uma “catarata”.
A informação que obteve de alguns chineses, aí presentes, segundo a qual o dia estava reservado para a comunidade dessa nação asiática residente em Angola, desanimou os dois.
O desalento agravou-se ainda mais quando ela e o seu filho souberam que um possível atendimento só tinha de acontecer num hospital público.