Em visita ao Soyo, na província do Zaire, o coordenador da Comissão Multissectorial para o Combate ao Tráfico de Combustível garantiu que já estão identificados os governantes, oficiais da FAA e da Polícia Nacional que têm acobertado na referida província
O chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Francisco Pereira Furtado, garantiu ontem, na província do Zaire, que já estão identificados os actuais e antigos governantes, oficiais generais e comissários das Forças Armadas e da Polícia Nacional, respectivamente, que estão envolvidos no tráfico de combustível a partir da referida província.
Segundo o responsável, que falava enquanto responsável da comissão criada pelo Presidente da República, João Lourenço, através da lei 5/24 de 23 de Abril, já em vigor, vai acontecer aos envolvidos o mesmo que ocorreu com os que facilitavam o garimpo de diamantes no país.
“Vai acontecer o mesmo que os que estavam no garimpo de diamantes. Muitos polícias perderam os cargos e os postos”, realçou.
A identificação dos mesmos foi feita graças a um trabalho investigativo que permitiu apurar, igualmente, que cerca de 80 por cento do tráfico de combustível no país ocorre através das províncias do Zaire e de Cabinda.
Todos os meses, conforme informação avançada pelo responsável, cerca de 600 mil litros de combustível, entre gasolina e gasóleo, são apreendidos nas respectivas circunscrições.
No total, as apreensões no Zaire representam 52 por cento de todo o combustível apreendido no país, enquanto que a província de Cabinda 27 por cento.
“Todos os meses”, realçou Pereira Furtado, são apreendidos entre 600 a 700 mil litros de combustível, o que representa um risco para a economia e a segurança do país.
Além de governantes, em funções e anteriores, o tráfico de combustível tem sido também facilitado por agentes económicos, muitos dos quais detentores de licenças para o negócio através de postos de abastecimento.
Porém, contrariamente ao que vem expresso nos manifestos, o produto é colocado para abastecer a rede de contra-bando.
O chefe da Casa Militar do Presidente da República salientou que muitos empresários, que deveriam por exemplo enviar combustível para regiões do país como Huambo, acabam por enviar os milhares de litros para o Zaire. Há ainda os casos de empresários da própria província do Zaire que também abastecem o mesmo circuito do mercado negro.
Conta o responsável da Casa Militar que entre o N’zeto e Soyo existem postos de abastecimentos sem combustível, mas nas fronteiras com o Congo continuam a ser apreendidos milhares de litros regularmente. Recorde-se que, na última semana, o Presidente da República, João Lourenço, visitou a província do Zaire.
Na ocasião, quando apresentava a situação sócio-política e económica da circunscrição que dirige, o governador Adriano Mendes de Carvalho pediu ajuda do Titular do Poder Executivo para combater o tráfico de combustível, porque tem lesado gravemente a província.