As juntas militares de Burkina Faso, Mali e Níger escreveram ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar o que disseram ser o apoio da Ucrânia a grupos rebeldes na região do Sahel, na África Ocidental, disse o Ministério das Relações Exteriores do Mali.
O Mali cortou relações diplomáticas com a Ucrânia, no início de Agosto, devido a comentários de um porta-voz da agência de inteligência militar da Ucrânia, Andriy Yusov, sobre combates no Norte do Mali que mataram soldados malianos e mercenários do grupo russo Wagner no final de Julho.
O governo militar do Níger seguiu o exemplo dias depois em solidariedade com o seu vizinho. Yusov disse que os “rebeldes” malianoss receberam as informações necessárias “para conduzir uma operação militar bemsucedida”.
Mali e Níger interpretaram os comentários de Yusov como uma admissão do envolvimento directo da Ucrânia no conflito e acusaram o país de apoiar o terrorismo internacional como resultado.
A Ucrânia, repetidamente, chamou as alegações de infundadas e falsas. O seu Ministério das Relações Exteriores não respondeu, de imediato, a um pedido de comentário na Quarta-feira.
O país ainda está envolvido numa luta pesada com a Rússia mais de dois anos após a invasão de Moscovo. Uma aliança rebelde tuaregue também disse que não recebeu nenhum apoio ucraniano. Tanto separatistas étnicos tuaregues quanto insurgentes jihadistas operam no Norte do Mali.
Os tuaregues disseram que mataram pelo menos 84 mercenários Wagner e 47 soldados malianos ao longo de dias de combates ferozes, em Julho. Um afiliado da Al Qaeda disse, separadamente, que havia matado 50 mercenários Wagner e 10 soldados malianos numa emboscada num desses dias.
Na sua carta ao Conselho de Segurança, os ministros dos Negócios Estrangeiros do Mali, do Níger e do Burkina Faso pediram-lhe que “assumisse a responsabilidade” pelas acções da Ucrânia e prevenisse “actos subversivos” que ameaçam a estabilidade regional e continental.
O texto da carta foi publicado na conta de mídia social do Ministério das Relações Exteriores do Mali. Diplomatas disseram que o documento foi distribuído aos 15 membros do Conselho de Segurança, na noite de Terça-feira. Burkina Faso, Mali e Níger viraram as costas aos tradicionais aliados ocidentais e regionais em favor da Rússia desde que as suas juntas assumiram o poder nos últimos quatro anos.
Os ataques de Julho, que ocorreram na região de Kidal, no Norte do Mali, perto da fronteira com a Argélia, são potencialmente a derrota mais pesada de Wagner desde que interveio há dois anos para ajudar a junta a combater os insurgentes jihadistas. A etnia tuaregue é um grupo separado que habita a região do Sahara, incluindo partes do Norte do Mali.
Os separatistas liderados pelos tuaregues lançaram uma rebelião em 2012 que foi empurrada para o Norte árido do Mali e mais tarde sequestrada por grupos militantes islâmicos.