Busquei por uma definição de ego sem ter a necessidade de buscar o dicionário. Lembro como se hoje fosse, quando uma docente que tive nesta minha odisseia teimosa pela busca constante de conhecimento académico disse: “Não busquem pelo significado de uma palavra num dicionário antes de a enquadrar à uma situação.
O mesmo deve servir para comprovar o enquadramento feito, correcto ou não”. E assim sempre o fiz, não só com palavras difíceis mas também com pessoas. Emoções descontroladas, ansiedades, inseguranças e o medo mexem com a estrutura mental de pessoas normais. Na docência somos obrigados a fazer leituras sociais, momentâneas para que ilações precipitadas não sejam tiradas.
Há 6570 dias que partilho emoções com pessoas em sala de aulas. E ninguém é o mesmo quando confrontada em teste e quando o emocional já habita o desconforto.
Até a definição primária do que é o corpo humano, a dada altura, distancia-se do mais sábio e coerente arguto, quando o exercício é mostrar o conhecimento adquirido num período misto de emoções académicas.
A árdua tarefa da docência está em ter a capacidade de compreender o misto de emoções. Não é o trecho do texto de um livro com milhares de páginas que definem a qualidade do livro. E aliás, nem a miopia deve ser vista como empecilho a análises sociais. Quem olha com o coração associado ao cérebro tem mais capacidades de implementar a segurança jurídica em detrimento da justiça.
E assim é feito quando os dois institutos entram em conflito. Há egos que se inflam por razões próprias e singulares e muitas vezes o factor cronológico é uma delas.
A idade e a experiência de uma pessoa podem ter um peso com altos níveis de relevância na tomada de decisões, que podem destruir ou até rebuscar dos recônditos de um estudante o seu melhor ou pior.
A Universidade não é para todos, tanto para quem lá vai absorver conhecimento como para quem é tido como facilitador. Dizer isso poderá parecer até um exercício de especulação com a tentativa de estratificar classes, mas não.
Há muito que se diga sobre ser docente e ser facilitador. Coisas totalmente diferentes. Na Universidade, sim, o estudante é independente e todo o esforço no processo para se atingir os fins premeditados são para serem levados em consideração.
É lá onde aprendemos que um cão pode até tentar levar dois ossos, mas poderá, durante o processo ter de parar, porque se um cair terá de arranjar formas de levar bem. Nem sempre dá. Não vá culpar os dentes que não conseguiram agir em conformidade com a boca.
As orais na Universidade da Faculdade de Direito são como uma procissão religiosa agridoce. Levam-nos ao limite. Muitas vezes é desgastante. A forma como lidamos podem fazer de nós boas pessoas ou pesadelos sociais. É uma questão de sorte ou de morte.
Não depende só do estudante. Sabemos disso. Como já disse, há muito que se diga sobre a gestão de pessoas, pois determinadas palavras proferidas por quem é tido como exemplo poderão se tornar indeléveis.
E quando assim acontece, se acontecer, o resultado nunca é bom. Que a resiliência seja nossa característica. E que a interpretação sobre tudo o que aqui foi vertido não lhe leve a caminhos errados.
Por: Edy Lobo