O vice-presidente da internacional Finance Corporation (IFC), Sérgio pimenta, garantiu, ontem, em Luanda, que a sua instituição prevê mobilizar, no mínimo, USD 200 milhões para operações financeiras em Angola
De 2019 até ao momento, a Internacional Finance Corporation (IFC) mobilizou mais de USD 500 milhões para Angola, em termos de investimentos a curto e longo prazo, mas a instituição afecta ao Banco Mundial ambiciona investir muito mais.
Segundo o responsável, que falava por ocasião de um encontro sobre Parcerias Público-Privadas (PPP), promovido pelo Ministério da Economia e Planeamento, a IFC tem demonstrado o seu compromisso em trabalhar com os países africanos de língua oficial portuguesa, com foco no investimento em sectores estratégicos como a energia, os transportes, o digital, o agronegócio, o turismo e os serviços financeiros.
Para ele, estes sectores são críticos para o crescimento económico sustentável e inclusivo do país, com potencial para criar emprego e aumentar a produtividade de outros sectores, assegurando, simultaneamente, a prestação de serviços públicos críticos para o desenvolvimento social.
“Temos ambição de fazer muito mais para Angola e, no mínimo, mobilizar USD 200 milhões, sendo que temos a capacidade de fazer mais, e as oportunidades estão cá. Podemos trazer valor a este país e ajudar no desenvolvimento da eficácia que o sector privado pode trazer”, disse.
O responsável sublinhou que após a recuperação económica, em 2023, a economia angolana deverá crescer 4,3% em 2025, se os preços do petróleo permanecerem elevados e se o sector não petrolífero responder positivamente, incluindo tornar a taxa de câmbio mais sensível às condições de mercado.
Sérgio Pimenta referiu que no campo da diversificação económica existem boas perspectivas, ressaltando que o Governo pode e está a focar- se mais na agricultura, pescas, indústria manufactureira e na produção de energia renovável em todo o país, bem como em serviços digitais para construir uma economia mais resiliente e diversificada.
O responsável ressaltou que segundo o Banco Africano de Desenvolvimento, Angola enfrenta um défice de financiamento anual de cerca de USD 14 mil milhões, até 2030, para atingir os objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
USD 380 milhões de parcerias público-privadas
Por sua vez, o ministro dos Transportes, Ricardo D’ Abreu, reconheceu que a mesa redonda sobre as Parcerias Público- Privadas são importantes para garantir sustentabilidade das finanças públicas, porque os Estados não têm capacidade total, por via do investimento público, para garantir a dinâmica económica nos países.
Revelou que nos últimos três anos, o sector dos transportes, com as Parcerias Público- Privadas, já conseguiu arrecadar pelo menos mais de USD 380 milhões em prémios de concessão e compromisso de investimentos na ordem até USD 1.5 mil milhões.
Ricardo D’Abreu enfatizou que com a assinatura, ainda este ano, para a extensão do Corredor do Lobito para a Zâmbia, o valor irá aumentar, sendo que o projecto global está avaliado em USD 5.2 mil milhões, o que dá um posicionamento muito importante na região e na economia global.
Já o ministro da Economia e Planeamento, Victor Hugo Guilherme, disse que o evento apresenta-se com embraio de uma plataforma que visa facilitar o alinhamento de expectativas e a criação de uma visão partilhada sobre o papel das PPP no crescimento e desenvolvimento socioeconómico do país.
O país, sublinhou, atravessa reformas económicas com vista a reorganizar e fortalecer a economia, estabelecendo as bases para um tecido económico robusto, sustentável com o objectivo de criar as condições necessárias para o crescimento económico continuo.
“Projectos com apetite no mercado”
Por sua vez, o director Nacional para as Parcerias Público- Privadas, Augusto Dembo, disse que o desafio da sua instituição está focado, fundamentalmente, na normalização das questões legislativas e no papel que cada sector deve desempenhar na identificação de projectos.
“Foi desenvolvido um programa operacional, onde vários ministérios foram convidados a identificar projectos para que fossem desenvolvidos na realidade das Parcerias Público Privadas”, disse.
Referiu, igualmente, que o IFC destacou a monetização da oferta pública da Unitel que é o trabalho que estão a fazer e há outros projectos públicos ligados ao Ministério da Energia e Água.