Desde a sua constituição, em 1994, até ao presente momento, o percurso histórico da ANASO foi marcado por muitas dificuldades para se afirmar, contando sempre com o tímido apoio do Executivo angolano e de outros parceiros
O presidente da Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária (ANASO), António Coelho, disse, na ocasião da celebração dos 30 anos de existência, que todo per- curso só foi possível graças ao activismo sem limites de todos aqueles que estão comprometidos com a causa.
“E da confiança dos beneficiários dos serviços prestados pela ANASO e dos seus parceiros tradicionais. A ANASO gostaria de ter feito muito mais. Mas, a sua limitação financeira não permitiu, lamentou, tendo acrescentado que, apesar da sua indiscutível participação social e caminhada histórica em prol de Angola e dos angolanos, a sua organização, 30 anos depois, não conseguiu ainda ser uma Instituição de Utilidade Pública.
Ainda assim, António Coelho, reafirmou a postura da sua instituição como rosto visível das comunidades, no que concerne à luta contra a SIDA e contra as grandes endemias, dando voz a quem não a tem.
António Coelho garantiu que a ANASO vai continuar a fazer caminho caminhando, consciente de que a sua missão ainda não terminou e que o país é hoje e agora.
Outra certeza de que se orgulha é o facto de a rede angolana continuar a liderar a resposta comunitária à SIDA, tuberculose e malária no país Lembrou que os desafios do empoderamento comunitário passam pela aceleração dos serviços de prevenção nas comunidades e pelo apoio aos programas sociais para reduzir o estigma e a discriminação, associadas às doenças, às leis punitivas e à violência baseada no género.
“O país continua a apostar na resposta medicalizada, construindo, cada vez mais, hospitais, o que é bom. Mas, apesar desse esforço, continua a faltar humanização nos serviços de saúde, e o país continua a registar constantes rupturas de medicamentos de primeira linha para SIDA, tuberculose e malária”, declarou o líder da ANASO.
A ANASO e os seus membros entendem que o momento é de prevenção, para ajudar a reduzir o peso das doenças sobre o sector da saúde, segundo realça o presidente, para quem o perfil epidemiológico de Angola ainda é dominado por doenças transmissíveis.
“A malária representa 29% das causas de procura de cuidados de saúde e 45% das mortes regista- das entre crianças menores de 5 anos. A tuberculose apresenta uma morb-mortalidade relativamente alta, com uma taxa de incidência de 200, 6/100,000 habitantes, sendo o país um dos 10 mais afectados do mundo”, detalhou António Coelho.
De acordo com este responsável, a SIDA, apesar de ter uma prevalência relativamente baixa, de 2%, continua a ser uma preocupação, por causa dos altos índices de estigma e discriminação associados à referida doença.
Por causa disso, a ANASO defende que se deve criar um fundo de apoio às acções comunitárias de prevenção contra a SIDA, tuberculose e malária em Angola.
Advocacia contínua
António Coelho assegurou que a instituição que lidera vai continuar a fazer advocacia para responsabilização dos decisores e implementação de acções baseadas na interacção entre a ciência, o activismo e a política, não deixando ninguém para trás.
“Por isso, a ANASO defende que se deve deixar as comunidades liderarem, porque, nesse momento, a resposta liderada pelas comunidades tem pouco reconhecimento, pouco recurso e, em alguns casos, não é valorizada”, desabafou.
Na ocasião do trigésimo aniversário da rede, que se assinalou ontem, reforça o seu compromisso de continuar a lutar pelos valores e objectivos que nortearam a sua constituição, designadamente a de trabalhar no sentido de melhorar a qualidade de vida dos angolanos e ajudar Angola na construção de um país melhor no que toca ao combate à SIDA, tuberculose e malária.
Constituída a 20 de Agosto de 1994, pela AALSIDA e APV, sob recomendação da SANASO, a ANASO é uma resposta de inter-organizações para o problema da SIDA, tuberculose e malária em Angola. Tem 315 organizações membros, num universo de 28.350 activistas e agentes comunitários de saúde.