Um agente policial, afecto à Unidade de Reacção e Patrulhamento (URP) do Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla, está ser acusado de ter matado a ex-parceira, de quem se encontrava em vias de separação, a tiros, no bairro da Mapunda, arredores da cidade do Lubango, capital da província da Huíla, tendo de seguida disparado contra si, numa tentativa de suicídio
O caso foi denunciado ao jornal OPAÍS e à Rádio Mais, órgãos do Grupo MediaNova, na tarde de ontem, por uma fonte, horas após o incidente que vitimou mortalmente Ludmila Gomes, de 31 anos.
A nossa equipa de reportagem deslocou-se ao bairro da Mapunda, arredores da cidade do Lubango, para apurar a veracidade dos factos, tendo já no princípio da tarde confirmado o sucedido, ouvindo algumas testemunhas no local.
Uma das testemunhas do caso, por sinal funcionária de Benjamim de Limas, de 30 anos, agente da URP, contou que trabalha para ele já há um bom tempo.
No entanto, o dia de ontem foi o mais estranho desde as primeiras horas, pelo facto de ter notado uma atitude diferente deste.
Por outro lado, a nossa interlocutora conta que, quando começou a trabalhar para ele, o casal já estava separado, mas os dois mantinham contacto permanente, em função de uma obra que está a ser erguida no terreno da antiga esposa.
“Quando comecei a trabalhar na casa dele, já estava separado da mulher, mas quando eles apareciam para vir ver a obra, andavam sempre juntos, ninguém pensava que estivessem separados”, disse.
Porém, segundo a fonte, no dia de ontem, o seu patrão, Benjamim de Limas, também chamado por Chinês pela vizinhança, teve um comportamento contrário do que tem sido habitual.
“O dia de hoje [ontem] foi muito triste, porque a maneira que o meu patrão tem vindo à casa não foi a mesma. Ele sempre me saudou, mas neste dia não o fez. Ele veio muito triste, entrou em casa, trancou a porta e me deu dinheiro por baixo da porta para ir comprar saldo na rua da Ngola”, detalhou.
Contou que, assim que regressou à casa, com o saldo em mãos, encontrou a porta aberta e sentou a aguardar que ele passasse orientação sobre o que pretendia comer no almoço.
“Depois de muito tempo, o meu colega, que é guarda da obra, chegou e disse para fechar as portas, porque ‘‘o teu patrão tem problemas. Eles se mataram!”, frisou. Vanilda, uma outra testemunha que acompanhou os factos, disse que, quando a vítima chegou no seu carro, entraram na obra, tendo de seguida sido ouvidos gritos acompanhados de disparos.
“O que aconteceu é que houve aqui uma morte de uma cidadã, por volta das 11 horas, o Chinês matou a sua esposa, não sei por quê. Nós só ouvíamos já ela a pedir socorro, ele não é chinês, é chamado aqui no bairro por este apelido. É isso que nós vimos”, detalhou
Polícia Nacional confirma acontecimento
A comandante da 8.ª Esquadra da Mapunda, 1.ª sub-chefe Alzira Intya, confirmou, no princípio da noite de ontem, a ocorrência do crime de homicídio ocorrido na sua zona de jurisdição, concorrido com tentativa de suicídio.
De acordo com a comandante da esquadra, o caso chegou ao conhecimento das autoridades policiais por via de uma denúncia feita pelos vizinhos do casal que, no momento dos factos, presenciaram o sucedido.
Segundo conta, o casal ainda chegou a ser socorrido para o Hospital Central do Lubango, já que os dois ainda apresentavam alguns sinais vitais, mas Ludmila Gomes não resistiu aos ferimentos das balas e acabou por morrer ao longo do caminho.
“A 8.ª Esquadra hoje (ontem) acordou com esta triste notícia. Primeiro porque envolve um agente da corporação. Recebemos a notícia por via de uma denúncia da parte dos vizinhos que, quando lá chegaram, constataram que o casal estava deitado no chão e, por uma questão de precaução, não os tocaram”, frisou.
A oficial ressaltou que as pessoas limitaram-se apenas em chamar a polícia e quando chegaram ao local se depararam com o triste cenário. “A esposa com uma perfuração na zona da barriga, o colega com uma perfuração na zona do pescoço e no abdómen.
Fizemos os primeiros socorros, porque os dois apresentavam sinais vitais, mas, ao longo do caminho em direcção ao hospital, a senhora acabou por sucumbir”, revelou.
Por outro lado, Alzira Intya afirmou que o autor dos disparos foi atendido por uma equipa médica do Hospital Central do Lubango, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica que ocorreu bem, apesar de o seu estado inspirar alguns cuidados.
A Polícia acredita que o crime deve ter sido motivado por questões passionais, já que o casal estava em vias de separação. “Este crime, pelo que pudemos apurar, pode ter sido motivado por questões passionais, porque o casal se encontrava em vias de separação.
Há uma questão mal resolvida que tem a ver com a divisão de alguns bens, que terminou nesta triste tragédia”, detalhou. Ludmila Gomes, de 31 anos, estava separada do marido já há algum tempo e trabalhava como agente de uma empresa seguradora, sedeada na cidade do Lubango, capital da província da Huíla. Deixa um casal de filhos menores de idade.
POR:João Katombela, na Huíla