A bajulação é compreendida em sentido pejorativo, já que é empregado como acto de adulação, protagonizado por uma pessoa a outra em gesto de demonstração de algum tipo de afeição. Geralmente, intencional e exagerado com o objectivo de alcançar um certo objectivo.
Nestes casos, é comum observar frases com elogios bastante rebuscados de um funcionário ao seu superior hierárquico com intuito de obter a sua atenção, oportunidade de promoção ou ainda aumento de salário.
A bajulação tem profundas raízes na política angolana e vive de braços dados com o culto de personalidade. A maior parte dos políticos angolanos gosta de receber elogios e reage mal a críticas as suas falhas e fraquezas.
Somos de opinião que, no nosso país, os partidos não se fazem rodear de pessoas autênticas e de pensamento livre, impedindo a produção de pensamento crítico suficiente para assegurar a boa qualidade de políticas públicas.
Talvez seja por isso que o país viva de experiências em experiências. Aliás, em Angola, a bajulação e o culto de personalidade tornamse inimigos penetrantes da competência e da crítica construtiva e responsável pelos inúmeros erros nestes 49 anos de independência.
A classe política, tanto do poder como da oposição, abomina gente que tenha luz própria, que pensa pela própria cabeça, o que tem motivado certos políticos a recorrer a pessoas mais preocupadas em agradar o chefe do que prestar um serviço de qualidade ao país.
O presidente João Lourenço, no sexto Congresso Extraordinário do MPLA, disse – eu cito – “ temos todos consciência que só construiremos um futuro melhor se houver a coragem de realmente corrigir o que esta mal e melhorar o que esta bem.
Os males a corrigir e a combater são a corrupção, o nepotismo, bajulação e a impunidade”, fim de citação. No nosso entendimento, um dos grandes males que corroeu a ética social em Angola foi se ter institucionalizado a cultura de bajulação.
Através desta cultura, o país desandou e as consequências são incalculáveis. Talvez haja uma relação directa entre a vaidade de políticos e o facto de não gostarem de críticas.
O que se reflecte no sistema de nomeação transversalmente instalado em todo o lado, daí haver tendência de que quem nomeia, por dispôr de um poder discricionário, tende a subalternizar instituições e prejudica os interesses da nação. Caros leitores, a bajulação – por si só – é má e nós estamos numa sociedade que vai demonstrando, infelizmente, défice de autenticidade.
As pessoas não são tão verdadeiras. Ou seja, e a título de exemplo, as pessoas manifestam o interesse de conversar com Rafael porque tencionam ser convidadas para isso ou para aquilo. E o que fazem? Vão rasgando o homem de elogios exagerados.
Outrossim, é imperioso que as instituições utilizem técnicas e ferramentas como: 1 – Meritocracia, sistema de avaliação, desempenho por competências; 2 -Criar políticas que retém comportamentos honestos do trabalhador; 3 – Desenvolver acções formativas sobre ética e conduta de ser e estar no trabalho; Só assim se vai melhorar os níveis de competência e valorizar o mérito.
Logo, enquanto persistirem critérios de nomeação que não dão oportunidades iguais e, por conseguinte, seleccionam em função de interesse de quem nomeia – tanto na Administração Pública como nas diferentes formas de preenchimentos de vagas previstos na legislação – a bajulação vai continuar.
É preciso criar um ambiente de oportunidades iguais entre angolanos para promover uma competição salutar em caso de possível indicação para um cargo disponível.
Por: MODESTO SILVA
*Jurista