As obras de reabilitação e ampliação do hospital municipal de Belize, que dista cerca de 200 quilómetros da cidade de Cabinda, subscritas no pacote de projectos do Plano Integrado e Intervenção nos Municípios (PIIM), orçadas em cerca de 225 milhões de kwanzas, decorrem a rítimo muito lento, o que está a condicionar bastante a assistência médica de qualidade e o tratamento dos doentes
O atraso que se verifica na conclusão das obras do hospital, iniciadas há mais de cinco anos, obriga a que os serviços hospitalares estejam a ser feitos, neste momento, numa residência arrendada, com espaço bastante diminuto e uma capacidade de internamento de apenas seis pacientes para observação.
Por falta de espaço, as autoridades sanitárias do município abdicaram de muitos serviços de especialidades e nos casos críticos, os doentes são evacuados para serem observados e acompanhados no centro de saúde de Ganda-Cango, que dista, aproximadamente, de 20 a 30 quilómetros da vila de Belize.
A situação mais crítica, segundo o responsável do sector da saúde no município, João Bitoto Sumbo, é a capacidade limitada do Belize quando o doente é obrigado a ser evacuado para o hospital provincial de Cabinda, na medida em que o hospital regional norte Alzira da Fonseca, no município de Buco- Zau, encontra-se igualmente em obras de reabilitação.
Perante essa situação, João Bitoto Sumbo descreve que a actividade do sector no município, no que se refere ao tratamento dos doentes, não é das melhores, porque “este hospital está a fazer-nos muita falta.”
“Acreditamos que a velocidade das obras do hospital venha a ganhar outro rítimo e quando for concluído vamos contar com vá- rios serviços especializados como bloco operatório, estomatologia, oftalmologia, cirurgias, auditório, morgue e outros serviços, para além da prevenção das doenças endêmicas”, vaticionou.
Com a reabilitação e ampliação do hospital, Belize deverá contar com mais valências, já que vai possuir novas áreas, como uma sala de cirurgias e serviços de lavandaria, que vão dar outra viragem no atendimento aos doentes que necessitem de intervenção cirúrgica e no processo de lavagem e higienização dos equipamentos nas enfermarias, internamento e banco de urgências.
A requalificação vai envolver ainda as áreas de medicina geral, pediatria, hemoterapia, maternidade, bancos de urgências, laboratório de análises clínicas, banco ambulatório, farmácia e áreas administrativas.
Conservação dos cadáveres
Desde a era colonial, o município de Belize nunca teve uma morgue e o novo projecto do hospital vai contar, pela primeira vez, com estes serviços de conservação de cadáveres, com 20 gavetas, uma área essencial para a unidade hospitalar e a sua edificação vai debelar todos os constrangimentos que têm estado a viver na conservação e transladação de corpos para outras localidades.
Por não dispor de uma morgue, os corpos dos falecidos são trasladados para o hospital municipal de Buco-Zau, através de carroçarias de viaturas de cidadãos particulares, meios não apropriadas para o efeito, e que, segundo o responsável da saúde no município de Belize, “não é muito aconselhável.”
“O ano passado recebemos várias comissões vindas de Luanda para avaliar a situação do hospital. Portanto, esse clamor é do conhecimento das autoridades de direito ao nível da província de Cabinda e da nacional”, referiu João Sumbo.
Actualmente, o sector da saúde no município de Belize conta com 17 unidades sanitárias, dentre elas três centros de saúde,13 postos médicos e um hospital municipal e um total de 151 funcionários.
Uma das principais dificuldades do sector, a fonte apontou a falta de ambulâncias para evacuar os doentes para o município de Buco- Zau ou ainda para o hospital provincial de Cabinda para uma assistência médica mais adequada.
Neste momento, Belize conta apenas com uma ambulância operacional de suporte avançado, devidamente equipada com serviços de oxigenação, atribuída pelo Ministério da Saúde, na pessoa da ministra Sílvia Lutucuta.
“Quando esse meio se ausenta significa que o município fica limitado para acudir a evacuação dos doentes e somos obrigados a usar meios pessoais para socorrer os pacientes”, assumiu o secretário municipal da Saúde, João Sumbo.
Pelo tempo de uso, as outras ambulâncias que o município possuí, adquiridas em 2012, já não oferecem condições e estão constantemente avariadas e passam a maior parte do tempo inoperantes e fora de serviço, situação agravada, ainda mais, pelo actual estado da via, que liga a cidade de Cabinda e a vila de Belize, totalmente esburacada, o que tem contribuído bastante na degradação dos meios do hospital e não só.
Situação epidemiológica
O secretário da Saúde no Belize referiu que as as doenças mais frequentes no município são a malária, febre tifóide, dengue, chingugunha, lepra, tripanossomíase (doença de sono), doenças respiratórias e elefantíase (enfermidade cutânea que torna a pele dura e rugosa como a do elefante).
Neste momento, estão sob controlo das autoridades sanitárias locais oito casos de elefantíase e 71 de tripanossomíase africana que deram positivo dos mil casos testados com diagnóstico laboratorial.
Adiantou que, o município recebeu quites de apoio para o tratamento dessas enfermidades e não há necessidade dos casos serem evacuados para fora do município e que são mesmo tratados localmente através do programa de Saúde Pública que faz busca activa nas comunidades com o apoio da Adeco, um grupo formado recentemente, que presta serviços na comunidade e reporta os dados obtidos no terreno ao sector da saúde.
“É assim que temos a facilidade de conhecer algumas doenças. Infelizmente, pessoas que portam essas doenças, principalmente a elefantíase, recorrem aos países vizinhos para buscarem tratamento”, lamentou João Sumbo, tendo apelado à população a ter calma porque o país tem um programa específico e medicamento suficientes para o tratamento dessas doenças.
POR:Alberto Coelho, em Cabinda